Rússia e EUA vetam projetos de resolução rivais no Conselho de Segurança
Rússia e Estados Unidos vetaram hoje os respetivos projetos de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre o conflito e a situação humanitária na Faixa de Gaza.
© Lusa
Mundo Israel/Palestina
Depois de uma primeira votação ter resultado no veto a um projeto de resolução norte-americano, o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) rejeitou noutra votação uma resolução da autoria da Rússia sobre a deterioração da situação humanitária na Faixa de Gaza, com veto dos Estados Unidos e do Reino Unido.
O projeto russo, o segundo apresentado por Moscovo desde o início do conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas, pedia "um cessar-fogo humanitário imediato, duradouro e totalmente respeitado".
O texto recebeu quatro votos a favor, nove abstenções e dois vetos de membros permanentes do Conselho de Segurança.
O embaixador russo junto à ONU, Vasily Nebenzya, lamentou que o Conselho não tenha conseguido aproveitar esta oportunidade para fazer a diferença na região assolada por uma grave crise humanitária.
"Tornou-se claro que os Estados Unidos não querem simplesmente que as decisões do Conselho de Segurança da ONU tenham qualquer tipo de influência numa possível ofensiva de Israel em Gaza", disse Nebenzya.
"O que nós queremos é que os terroristas sejam combatidos, não os civis", frisou o embaixador, lamentando que a sua resolução tenha sido novamente rejeitada.
O Reino Unido argumentou que não apoiou a resolução proposta pela Rússia por não reconhecer o direito de Israel à autodefesa.
"O texto russo foi submetido a votação sem um único minuto de consulta com os membros do Conselho. Não foi uma tentativa séria de fazer com que este Conselho falasse a uma só voz", criticou a diplomata britânica, Barbara Woodward.
Ao contrário dos restantes projetos de resolução votados anteriormente no Conselho de Segurança sobre esta crise, o texto russo indicava que "a deterioração da situação humanitária na Faixa de Gaza constitui uma ameaça à paz e à segurança na região".
Já o projeto de resolução norte-americano reafirmava que o Conselho de Segurança está determinado em combater "ameaças à paz e segurança internacionais causadas por atos terroristas" por todos os meios, "de acordo com a Carta" e outras obrigações do direito internacional.
O projeto de resolução dos EUA sofreu uma alteração significativa ao longo das negociações, tendo sido retirada a linguagem que defendia "o direito inerente de Israel à autodefesa individual ou coletiva". Esta linguagem era inaceitável para vários membros do Conselho.
Ao contrário do projeto de resolução russo, o texto norte-americano não apelava a um cessar-fogo, uma medida à qual Washington se opõem neste momento.
Contudo, em resposta aos pedidos de vários membros durante as negociações, foi acrescentado ao texto norte-americano um apelo por "todas as medidas necessárias, tais como pausas humanitárias, para permitir o acesso humanitário pleno, rápido, seguro e sem entraves" aos civis.
A embaixadora norte-americana junto à ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse estar "profundamente desapontada" com os vetos da Rússia e da China à sua resolução, a qual considerou "forte e equilibrada".
A diplomata apelou ainda aos restantes Estados-membros do Conselho para que não apoiassem o projeto russo, que acabaria por ser rejeitado com os vetos precisamente dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Face ao impasse no Conselho, e em nome dos 10 países não permanentes do órgão, Malta irá agora trabalhar numa nova proposta. "Temos o dever e a obrigação de agir", argumentou a embaixadora, Vanessa Frazier.
Perante a divisão manifestada no Conselho de Segurança, a Assembleia-Geral da ONU abordará o assunto numa reunião na quinta e sexta-feira.
Embora as resoluções da Assembleia, que representa todos os 193 Estados-membros da ONU, não sejam vinculativas, os países árabes propuseram um texto que deverá submetido a votação esta semana.
O ataque surpresa do Hamas a Israel de 07 de outubro saldou-se na morte de mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, e na captura de 220 reféns, desencadeando um novo conflito no Médio Oriente, que cumpre hoje o 19.º dia.
Também prosseguem os bombardeamentos israelitas sobre a Faixa de Gaza, que mataram já mais de 6.500 pessoas, dos quais quase metade crianças, e causaram mais de 17.000 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Israel também impôs um cerco total ao território palestiniano com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade, resultando numa situação humanitária crítica.
[Notícia atualizada às 23h01]
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