Rafah deverá abrir quarta-feira para entrada de feridos de Gaza no Egito
A fronteira de Rafah, a única entrada e saída do território palestiniano sitiado que não está nas mãos de Israel, abrirá quarta-feira para receber vários palestinianos feridos, disse à agência noticiosa espanhola EFE fonte do posto fronteiriço.
© KHALED DESOUKI/AFP via Getty Images
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A fonte acrescentou que as autoridades egípcias prepararam um hospital de campanha para receber os palestinianos feridos no local, referindo que os casos graves e os que necessitam de tratamento adicional e cuidados especiais serão transferidos para outros hospitais para tratamento.
Esta informação foi também divulgada pelos meios de comunicação social pró governamentais al-Qahera News e Extra News.
O Egito anunciou há dias que está a preparar-se para receber e tratar "qualquer número de feridos" palestinianos da Faixa de Gaza, logo que estes sejam autorizados a abandonar o enclave.
Duas fontes do Ministério da Saúde egípcio disseram à EFE que todos os hospitais do norte do Sinai, como al-Arish e Beir al-Abd, bem como o centro médico do Instituto Naser, no Cairo, estão preparados para esta eventualidade e afirmaram que o Egito "não poupará esforços para ajudar os irmãos na Palestina".
O sistema de saúde egípcio está "totalmente preparado para receber os feridos de Gaza desde o início dos bombardeamentos israelitas" no enclave, que já mataram mais de 8.300 pessoas e feriram mais de 21.000, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
As mesmas fontes referiram também o projeto de criação de um hospital de campanha na fronteira de Rafah, logo que as portas do posto sejam abertas.
Segundo as fontes, as autoridades planearam a transferência dos feridos em 150 ambulâncias de Rafah para diferentes partes do norte do Sinai, ao mesmo tempo que armazenaram todo o tipo de material médico e sangue e colocaram o sistema de emergência em alerta para fazer face a "epidemias".
Hoje, o Ministério da Saúde de Gaza advertiu que a crise humanitária está a gerar uma onda de epidemias que já afeta cerca de 3.100 pessoas, a maioria delas crianças com sarna, diarreia, infeções brônquicas, intoxicação alimentar e varicela.
O Egito, que se recusa a receber refugiados palestinianos de Gaza para evitar dar origem à "limpeza étnica" que dizem ser o objetivo do ataque de Israel ao enclave palestiniano, sempre esteve aberto a receber os feridos, embora até agora ninguém tenha sido autorizado a deixar o enclave, onde vivem cerca de 2,2 milhões de pessoas.
Hoje, o primeiro-ministro egípcio deslocou-se à península do Sinai para reafirmar que este território constitui a sua "linha vermelha de segurança" face à crise na Faixa de Gaza, atacada pelo exército israelita, e que rejeita veementemente qualquer tentativa de obrigar o país a acolher refugiados palestinianos.
Sob um grande dispositivo de segurança e acompanhado por altos representantes do exército, do parlamento e do governo, bem como por um grande grupo de jornalistas nacionais e internacionais, Mustafa Madbuli percorreu a região fronteiriça entre Gaza e Israel para enviar a mensagem já repetida em várias ocasiões pelo Presidente Abdelfatah al-Sisi.
"O Egito não permitirá que nada nos seja imposto nem que as causas regionais sejam liquidadas à nossa custa", disse Madbuli num discurso em al-Arish, capital da província do Sinai do Norte, num dia em que se soube que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tinha pressionado os países europeus a aceitarem um plano para instalar palestinianos de Gaza em campos de refugiados no Sinai.
Num tom duro e belicoso, o primeiro-ministro sublinhou que, "como Egito", o país está disposto a "derramar milhões de vidas por cada grão de areia" no Sinai, um local de que "ninguém se aproxima".
Para reafirmar esta posição, o político apresentou-se na região com um programa de desenvolvimento económico para o território desértico, avaliado em cerca de 12.000 milhões de dólares (11.340 milhões de euros), com o objetivo declarado de "garantir que ninguém sonhe que o Egito vai abandonar o Sinai".
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