A resolução que prolonga a autorização foi promovida pela Suíça e aprovada de forma unânime pelos 15 Estados-membros do Conselho de Segurança, renovando a base legal sobre a qual atua esta operação, ativa desde 2004, quando substituiu a missão de paz da NATO (SFOR).
A sua principal função é supervisionar o aspeto militar do Acordo de Paz de Dayton, que, em 1995, pôs fim à guerra civil da Bósnia (1992-1995), que provocou 100.000 mortos.
Este pacto estabeleceu que a Bósnia-Herzegovina é composta por duas entidades autónomas - a Federação da Bósnia e Herzegovina (FBiH), predominantemente bósnia e croata, e a Republika Srpska (RS), predominantemente sérvia.
A votação de hoje ocorreu num momento de ações e retórica separatistas crescentes no país, com o último relatório da ONU - que engloba o período entre 16 de abril e 15 de outubro deste ano - a apontar para "um nível sem precedentes de ataques" contra o Acordo-Quadro Geral para a Paz na Bósnia e Herzegovina.
Além disso, o relatório afirma que o "alto representante para a Bósnia e Herzegovina (Christian Schmidt) e o Tribunal Constitucional da Bósnia e Herzegovina estão particularmente sob ataque" da RS, com "objetivo de minar a sua capacidade de salvaguardar o Acordo de Paz de Dayton e a ordem constitucional e jurídica da Bósnia e Herzegovina".
"Nos últimos meses, assistimos a (...) esforços para minar as instituições estatais e judiciais e apelos à separação das duas entidades da Bósnia e Herzegovina. Perante esta ameaça, o Conselho de Segurança deve deixar claro o seu total apoio à implementação do Acordo de Paz de Dayton e das suas estruturas", defendeu na reunião de hoje o embaixador britânico James Kariuki.
"Não pode haver margem para dúvidas: a Bósnia e Herzegovina é e continuará a ser um único país soberano e multiétnico. E apoiamos o uso dos poderes executivos pelo Alto Representante sempre que a situação o exija", acrescentou.
A RS e os membros do Conselho de Segurança China e Rússia não reconhecem a legitimidade de Christian Schmidt como Alto Representante para a Bósnia e Herzegovina.
Na reunião de hoje do Conselho de Segurança da ONU, países como França ou Estados Unidos (EUA) disseram estar alarmados com os desenvolvimentos recentes, incluindo a retórica e as ações que minam "o Acordo de Paz de Dayton e a estrutura constitucional, o Estado de direito, a estabilidade e a integridade territorial do país", conforme apontou Washington.
"A comunidade internacional deve enfrentar este desafio. Devemos trabalhar em conjunto para contrariar os esforços desestabilizadores e perigosos da Assembleia Nacional da RS e do Presidente da RS, Milorad Dodik, para enfraquecer as liberdades fundamentais, o Estado de direito e os fundamentos constitucionais das instituições do país", defendeu o embaixador norte-americano Robert Wood.
"O alto representante Christian Schmidt e o seu Gabinete têm o total apoio dos Estados Unidos e merecem o total apoio da comunidade internacional no seu trabalho", frisou Wood.
Já a Albânia criticou o nacionalista Milorad Dodik, por continuar a alimentar tensões étnicas e a promover a sua agenda separatista, recorrendo a uma retórica desestabilizadora que levou "o país a uma crise política gerada artificialmente, bloqueando a funcionalidade das instituições do Estado".
O líder sérvio-bósnio promove há anos políticas e medidas separatistas com o objetivo de afastar a RS do Estado central bósnio.
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