O renovado otimismo do chefe de Estado baseou-se numa constatação observada na noite de terça-feira: a defesa do direito ao aborto mobilizou os eleitores a favor dos Democratas e minou a oposição Republicana, inclusive em estados tradicionalmente conservadores.
Em Ohio, um estado controlado pelos Republicanos e onde o ex-presidente Donald Trump venceu facilmente duas vezes, os eleitores aprovaram na terça-feira a inclusão do direito ao aborto na Constituição estadual.
Andy Beshear, governador Democrata do Kentucky, foi reeleito através de uma campanha em defesa do direito ao aborto, contra um candidato Republicano apoiado por Donald Trump.
Na Virgínia, na costa leste, os Democratas asseguraram o controlo do parlamento local, uma afronta ao governador Republicano Glenn Youngkin, considerado um futuro candidato presidencial e que tentou reunir os eleitores em torno de um projeto que restringia o direito ao aborto.
Joe Biden, que raramente é conhecido por ser tão recetivo, ligou rapidamente para vários candidatos vitoriosos na noite de terça-feira. O líder Democrata, que dentro de poucos dias completa 81 anos, também saudou o referendo em Ohio num comunicado de imprensa.
Estes resultados eleitorais seguem-se a duras sondagens para Joe Biden, que colocaram o chefe de Estado como derrotado por Donald Trump em estados-chave, e ainda como impopular entre os cidadãos norte-americanos, que estão profundamente pessimistas, especialmente no que diz respeito à economia.
Vários representantes da Casa Branca aproveitaram os resultados da noite eleitoral para desvalorizar as sondagens.
"Votar é melhor do que se preocupar", escreveu o diretor de comunicações da Casa Branca, Ben LaBolt, nas suas redes sociais pessoais.
Esta é a segunda vez que os Democratas desafiam as previsões mais pessimistas apontadas pelas sondagens.
Durante as eleições intercalares do ano passado, o partido de Joe Biden teve um desempenho melhor do que as sondagens, que previam uma maré Republicana.
Mais uma vez, verificou-se que o direito ao aborto continuava a ser uma preocupação central de muitos eleitores, depois de o muito conservador Supremo Tribunal ter revogado esse direito constitucional, que estava protegido desde 1973 em todo o país.
Uma das contas da campanha de Joe Biden teve, portanto, o prazer de publicar, na quarta-feira, um vídeo em que Donald Trump se vangloriava de estar na origem desta inversão de uma jurisprudência impopular, uma vez que nomeou juízes que ajudaram a consolidar a maioria conservadora do Supremo, que revogaram o direito ao aborto.
Se as sondagens de terça-feira encorajaram o campo de Biden a um certo triunfalismo, não fizeram desaparecer todos os problemas do Democrata.
Até agora, Biden é incapaz -- tal como Donald Trump -- de despertar um verdadeiro entusiasmo junto do eleitorado, principalmente devido à sua idade.
As suas políticas económicas e sociais são populares e os resultados eleitorais de terça-feira parecem indicar que o programa dos Democratas, em muitos aspetos, é atraente. Mas uma eleição presidencial é, antes de tudo, uma aposta num homem ou numa mulher e no futuro do país.
A rede CNN pediu na terça-feira aos eleitores do Ohio que também dessem a sua opinião sobre os dois prováveis candidatos rivais para as presidenciais de 2024. Apenas um quarto dos entrevistados acha que Joe Biden deveria concorrer novamente, enquanto um terço pensa assim para Donald Trump.
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