Foram 24 horas particularmente sombrias para médicos, pacientes e pessoas abrigadas nos hospitais de Gaza.
As forças israelitas bombardearam três instalações médicas no norte de Gaza, provocando mortos e feridos, enquanto tanques cercaram pelo menos outras quatro instalações médicas onde milhares de pessoas se abrigaram.
Segundo a Al Jazeera, os ataques aos hospitais afetam não apenas milhares de pacientes, mas também cerca de 122 mil palestinianos deslocados que se abrigaram nessas instalações durante os bombardeamentos de Israel.
"Ponto sem retorno"
O Comité Internacional da Cruz Vermelha (ICRC) já apelou à proteção imediata de todos os civis, trabalhadores humanitários e médicos em Gaza. "O sistema de saúde em Gaza atingiu um ponto sem retorno, pondo em risco a vida de milhares de feridos, doentes e pessoas deslocadas", destacou um comunicado do ICRC, citado pela Al Jazeera.
O comité referiu ainda que qualquer operação militar em torno de hospitais deve ter em conta a presença de civis, que estão protegidos segundo o direito internacional. "As leis da guerra são claras. Os hospitais são estruturas especialmente protegidas", afirmou ainda.
"Dia de guerra contra os hospitais"
O diretor do hospital Al-Shifa - principal hospital de Gaza - classificou os ataques desta sexta-feira contra o seu hospital e os outros afetados como um "dia de guerra contra os hospitais" acrescentando que foi "trágico em todos os sentidos da palavra".
"Os doentes e feridos ocupam todos os corredores do hospital e não podemos realizar operações cirúrgicas", afirmou Muhammad Abu Salmiya. "Não conseguimos encontrar uma cama de solteiro para acomodar as vítimas. Estamos a tomar decisões difíceis entre quem salvar e quem deixar morrer…", acrescentou.
Abu Salmiya revelou que apenas quatro secções do hospital ainda funcionam: a unidade de cuidados intensivos, a incubadora de bebés, a sala de operações e a unidade de diálise. "Essas enfermarias não podem funcionar sem eletricidade. Precisamos urgentemente de combustível… para manter estas unidades críticas em funcionamento. A vida de milhares de pacientes está por um fio. Isto é um crime de guerra", frisou.
O diretor acrescentou que os milhares de deslocados que vivem dentro do hospital estão sem comida nem água e que o medo é que Israel bombardeie o hospital e o destrua.
Recorde-se que as forças israelitas atacaram o complexo hospitalar Al Shifa, o centro infantil Al Rantisi e o hospital Al Quds.
Além disso, tanques israelitas estão a cercar quatro hospitais, por todas as direções. Segundo o ministério da Saúde de Gaza, trata-se dos hospitais Al Rantisi Hospital, Al Nasr Hospital, Government Eyes Hospital e Mental Health Hospital.
Os ataques ocorrerem um dia depois de a Casa Branca ter dito a que Israel concordou em interromper as operações militares em partes do norte de Gaza, embora o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tenha dito à Fox News que a batalha contra o Hamas continua, exceto "em locais específicos por um determinado período".
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