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Massa domina debate presidencial na Argentina e impõe itmo ao rival Milei

O candidato e ministro da Economia argentino, Sergio Massa, conseguiu impor-se, no debate eleitoral de domingo, sobre o ultraliberal Javier Milei, que não aproveitou a grave crise económica para criticar o oponente, a uma semana da segunda volta das presidenciais.

Massa domina debate presidencial na Argentina e impõe itmo ao rival Milei
Notícias ao Minuto

07:34 - 13/11/23 por Lusa

Mundo Javier Milei

A primeira parte deu a impressão de que o debate seria ganho por nocaute. O assunto era Economia, ponto forte do economista liberal Javier Milei e, ao mesmo tempo, o ponto fraco do candidato e ministro Sergio Massa, administrador de uma economia em agonia com 140% de inflação e 42% de pobreza.

No entanto, Massa fez uma série de perguntas sobre as contradições do oponente, levando Milei a entrar no jogo e gastar todo o tempo nas respostas, sem chegar a acusar Massa pela inflação galopante.

Massa confrontou Milei sobre declarações em entrevistas nas quais o candidato disse que eliminaria subsídios às tarifas públicas, acabaria com a gratuidade na Educação e na Saúde, privatizaria o sistema de pensões, eliminaria o Banco Central, adotaria o dólar como moeda, em substituição do peso argentino, e tornaria privados rios e mares.

Milei negou a privatização de rios e sobre o aumento de tarifas, disse que, primeiro, ia recuperar a economia e quanto a cobrar pelo ensino universitário, respondeu que "no curto prazo, não".

"Na primeira metade do debate, Javier Milei, claramente, foi dominado. Sergio Massa ditava os assuntos e determinava o ritmo do rival. A segunda metade foi mais equilibrada, mas a sensação geral é de que Massa colocou Milei contra a parede, tentou mostrar que Milei não está preparado para ser presidente e evitou ser criticado pela péssima gestão de uma economia. Milei foi inexperiente e até inocente", resumiu o analista político Alejandro Catterberg, diretor da consultora Poliarquia, uma referência no país.

Milei começou a elevar a voz e a chamar Massa de mentiroso. Provocador, Massa aconselhou o oponente a manter acalma porque o debate estava apenas no começo.

"Não te agredi. Somente expresso com paixão a indignação que o teu Governo gera", disse Milei.

Esse foi, aliás, outro objetivo de Sergio Massa: desestabilizar emocionalmente Javier Milei, famoso por reações intempestivas de fúria que chocam boa parte do eleitorado. Massa trouxe à luz a desconhecida informação de que Milei, enquanto jovem estudante, foi reprovado para renovar um estágio no Banco Central, dando a entender que o motivo da reprovação foi o exame psicotécnico.

"Os argentinos têm de eleger quem tem a sobriedade, o equilíbrio mental e o contacto com a realidade para poder conduzir a Argentina", advertiu Massa.

Javier Milei tinha um banquete no qual o adversário era o prato principal. Não apenas pela má administração da economia, mas também por recentes escândalos de corrupção e de espionagem ilegal a envolver aliados de Sergio Massa. Porém, manteve um curioso silêncio.

A única vez em que Milei acusou Massa de fazer negócios com empresários amigos, o ministro desafiou o oponente a fazer uma denúncia na Justiça e Milei calou-se.

Um dos pontos fortes da noite foi o capítulo sobre as relações exteriores. Milei declarou-se, várias vezes, um admirador da antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, líder do Reino Unido durante a Guerra das Malvinas, em 1982. O orgulho argentino considera Thatcher uma inimiga e uma afronta a reivindicação de soberania das ilhas.

Outro ponto sensível são as relações com a China, mas sobretudo com o Brasil, principal parceiro político e comercial da Argentina. Ao longo da campanha, Javier Milei disse que não ia manter relações políticas com líderes comunistas, incluindo o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o qual não pretende reunir-se. Massa alertou que romper relações com o Brasil e com a China implica à Argentina perder dois milhões de empregos.

Milei contra-argumentou que vai permitir que os privados tenham comércio com quem quiserem, mas ele não terá relações políticas e pessoais. Se os exportadores perderem esses mercados, podem substitui-los por outros.

"Você pertence a um governo no qual [o Presidente argentino] Alberto Fernández não falava com [o ex-Presidente brasileiro Jair] Bolsonaro. Qual é o problema se eu não falar com Lula? As relações comerciais do setor privado são do setor privado e o Estado não se deve meter", alegou Milei.

"Este foi o último evento relevante antes da eleição do próximo domingo. Na média geral, Sergio Massa, claramente, foi dominante, mas não sei se o suficiente para alterar a dinâmica do processo eleitoral. De um lado, vimos um político super profissional e que conhece as ferramentas do poder. Do outro, um político sem experiência e que desconhece as ferramentas. Mas os dois concorrem de igual para igual numa paridade de intenção de votos", concluiu Catterberg.

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