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Em Al-Shifa, bebés foram enrolados em alumínio para ficarem quentes

O maior hospital da Faixa de Gaza ficou completamente sem energia elétrica e os recém-nascidos tiveram de ser retirados das incubadoras. Seis crianças já morreram devido à falta de luz e de proteção e o centro continua a ser atacado por Israel, apesar dos milhares de civis abrigados.

Em Al-Shifa, bebés foram enrolados em alumínio para ficarem quentes
Notícias ao Minuto

11:40 - 13/11/23 por Notícias ao Minuto

Mundo Faixa de Gaza

Mal o cerco sobre a Faixa de Gaza foi anunciado pelo exército israelita, as autoridades palestinianas e organizações humanitárias alertaram que a falta de água potável e de combustível iria prejudicar os bebés recém-nascidos e prematuros que estavam em incubadoras no hospital de Al-Shifa, o maior hospital da Faixa de Gaza.

Pouco mais de um mês depois desse aviso, e dias depois de o combustível acabar nos geradores de Al-Shifa, os primeiros bebés começaram a morrer.

Seis crianças já foram confirmadas como mortas pelas autoridades de saúde da Faixa de Gaza, que têm conseguido uma comunicação muito limitada com o interior do hospital. Mais de 30 bebés continuam a ser tratados, além das centenas de pacientes no local e os milhares de civis que se abrigaram no perímetro da unidade hospitalar, dados os bombardeamentos nas suas zonas habitacionais

O diretor do hospital de Al-Shifa, Muhammad Abu Salmiya, contou a uma televisão regional, citada pela CNN Internacional, que os trabalhadores estão a fazer os possíveis para manter as crianças vivas, com todos os (poucos) recursos disponíveis.

"Estão expostos porque tivemos de os tirar das incubadoras. Enrolámo-los em papel de alumínio e pusemos água quente ao seu lado para que os pudéssemos aquecer", explicou o médico, que acrescentou que todo o trabalho para manter as crianças a salvo está a ser feito à mão e à luz das velas. O transporte para uma unidade mais protegida do hospital também teve de ser feito manualmente.

Muhammad Abu Salmiya afirmou que as condições no hospital são "catastróficas", com as pessoas completamente presas no interior e sem hipótese de saída. Nenhuma sala de operações está em funcionamento, tratamentos de emergência estão a ser feitos sem anestesia, sem isolamento, às vezes nos corredores, e com recursos tão simples como ligaduras a escassearem.

Abu Salmiya lamentou que "quem precisar de cirurgia morre, não podemos fazer nada".

Há também centenas de corpos por enterrar, a morgue do hospital está cheia e há várias pessoas armazenadas em frigoríficos (que, agora, também ficaram sem energia). A comida pelos funcionários de saúde está a ser racionada e os poucos camiões com ajuda humanitária, que conseguem entrar no enclave através da passagem de Rafah, não chegam ao norte cercado.

Apesar de todas estas dificuldades humanitárias, as forças israelitas recusam abrandar ou aceder a um cessar-fogo, com o porta-voz do exército e o governo a manterem a teoria de que o Hamas usa hospitais, ambulâncias e civis para se esconder dos bombardeamento. Apesar de reiterar que as operações na Faixa de Gaza são apenas contra o Hamas, Israel tem recusado quaisquer demonstrações de solidariedade para com os palestinianos, dentro e fora de portas, condenando todos os que se pronunciem a favor de um cessar-fogo.

O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que "não há razões" para que o hospital não seja evacuado, mas as autoridades de saúde apontam para os incessantes bombardeamentos, incluindo sobre o centro hospitalar, como os óbvios que impedem os civis de sair.

O Hamas, por outro lado, anunciou no domingo que iria suspender as negociações com os israelitas para a libertação de pelo menos 50 reféns, por considerar que Israel não tem respeitado o direito humanitário internacional, especialmente no norte da Faixa de Gaza.

O hospital de Al-Shifa não é, contudo, o único sob condições difíceis. Segundo o ministério da Saúde de Gaza, liderado pelo Hamas, todos os hospitais no norte da Faixa de Gaza estão inoperacionais, incluindo o segundo maior hospital da região, o de Al-Quds, cujo encerramento foi anunciado pelo Crescente Vermelho palestiniano.

Segundo os últimos dados das autoridades de saúde palestinianas, verificados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por várias organizações não-governamentais, já foram mortos mais de 11 mil pessoas na Faixa de Gaza, incluindo mais de 4.200 crianças. A onda de violência na Cisjordânia ocupada também resultou em mais de 160 palestinianos mortos pela polícia e por colonos ilegais israelitas.

O intensificar de bombardeamentos israelitas surgiu no passado dia 7 de outubro, quando o Hamas lançou um inédito ataque sobre Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo mais de 240 reféns. Os ataques surgiram, contudo, após décadas de ocupação, tanto na Cisjordânia como na Faixa de Gaza, territórios onde os palestinianos têm a sua vida largamente controlada pelas autoridades israelitas.

Leia Também: Hamas. Seis bebés prematuros e 9 pacientes morreram no hospital al-Shifa

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