As tropas de Moscovo tentam desde há um mês cercar esta cidade industrial que se tornou um dos pontos críticos do conflito, um esforço russo que se segue a meses de ofensivas ucranianas que não permitiram a Kiev libertar os territórios ocupados.
A linha da frente oriental está no mesmo sítio praticamente há um ano, apesar de Zelensky, de um lado, e o Kremlin (Presidência russa), do outro, garantirem que a guerra não se encontra num impasse.
"O Exército assinalou um aumento do número de ataques inimigos", indicou o chefe de Estado ucraniano na plataforma digital Telegram, referindo as zonas de Avdiïvka, de Kupiansk e de Donetsk, no leste do país.
O Institute for the Study of War (ISW), um centro de análise com sede nos Estados Unidos, indicou na segunda-feira no seu mais recente relatório que "as forças russas prosseguiram as suas operações ofensivas perto de Avdiïvka a 13 de novembro e obtiveram avanços confirmados".
Por seu lado, Volodymyr Zelensky assegurou que os seus soldados "estão a manter as suas posições" e também eles a levar a cabo "operações ofensivas".
A Ucrânia reconheceu recentemente o fracasso da sua contraofensiva lançada em junho passado, que deparou com sólidas defesas russas, mas precisa urgentemente de ganhar terreno, para evitar o efeito de cansaço dos seus aliados ocidentais perante um conflito que se arrasta há quase dois anos.
No país, sublinha-se que o Kremlin aumentou o número de soldados recrutados para a guerra e que, portanto, a ajuda ocidental é mais necessária que nunca para deter as ambições russas.
"O número de tropas russas na Ucrânia é três vezes mais elevado que no início da agressão e, por isso, o nosso país precisa de manter o apoio internacional", insistiu hoje o chefe do Governo presidencial ucraniano, Andriï Iermak, no Telegram, após uma reunião em Washington.
Iermak reuniu-se com Jake Sullivan, o conselheiro para a Segurança Nacional do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com Timothy Barrow, do Reino Unido, e com os conselheiros dos líderes alemão e francês, Jens Plötner e Emmanuel Bonn.
A Ucrânia tem-se mantido em silêncio sobre as suas próprias ofensivas.
Segundo 'bloggers' militares russos e especialistas que analisaram informações de fontes abertas, desde o final de outubro, o Exército ucraniano conseguiu fixar forças na margem ocupada do rio Dnieper, em particular na aldeia de Krynky, na região meridional de Kherson.
"Contra todas as expectativas, as forças de defesa ucranianas conquistaram um ponto de apoio na margem esquerda do Dnieper", declarou hoje Andriï Iermak, sem fornecer mais pormenores.
Tais informações não foram até agora confirmadas pelo Exército ucraniano nem por Moscovo.
Zelensky também acusou hoje os russos de "se vingarem da cidade libertada de Kherson", que acaba de celebrar o primeiro aniversário do fim da sua ocupação, bombardeando-a "sem qualquer propósito militar".
Na segunda-feira, ataques russos ali fizeram três mortos e 12 feridos, entre os quais um bebé de dois meses, de acordo com as autoridades locais.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro de 2022 uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, de acordo com dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e fez nos últimos 20 meses um elevado número de vítimas não só militares como também civis, impossíveis de contabilizar enquanto o conflito decorrer.
A invasão -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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