A ofensiva, conhecida por "operação 1027", referente à data em que começou, foi lançada no norte de Myanmar, junto à fronteira com a China, pela chamada Aliança da Irmandade, que reúne três exércitos de guerrilheiros.
O Ministério da Defesa do Governo de Unidade Nacional (NUG, sigla em inglês), que afirma ser a autoridade legítima autoproclamada desde o gole militar, disse que vários dos desertores da polícia e do exército se juntaram aos rebeldes.
O objetivo da ofensiva é derrubar a junta militar no poder desde o golpe de Estado de 01 fevereiro de 2021, que depôs o governo da líder pró-democracia e prémio Nobel da Paz em 1991 Aung San Suu Kyi.
A Aliança da Irmandade é formada pelo Exércitos Arakan (AA), pelo Exército de Libertação Nacional Ta'ang (TNLA) e pelo Exército da Aliança Democrática de Myanmar (MNDAA).
A estes grupos, que operam principalmente nos estados de Rakain (ocidente) e de Shan (nordeste), juntaram-se outras guerrilhas de minorias étnicas, como o Exército de Independência de Kachin (KIA) e o Exército de Libertação do Povo Bamar.
Participam também na revolta as Forças Patrióticas de Defesa (PDF), o braço armado do NUG.
A maior parte das deserções ocorreu em várias zonas do estado de Shan oriental, onde a operação começou, mas também no oeste, com mais de 40 soldados birmaneses a atravessarem a fronteira com a vizinha Índia esta semana.
Uma das deserções mais numerosas, de acordo com os números dos rebeldes que a junta não confirma, ocorreu na região de Kokang, em Shan, onde mais de 200 militares se renderam e se juntaram ao MNDAA.
"Os nossos sinceros agradecimentos aos membros do exército e das forças policiais que consideraram e considerarão a via pacífica da rendição. Estamos à espera de mais desertores", disseram os chefes da "Operação 1027" nas redes sociais.
As mesmas fontes rebeldes e do NUG disseram que tomaram ao exército dez cidades (seis no estado de Shan, duas na região de Sagaing, uma no estado de Chin e uma em Rakain, no oeste) desde 27 de outubro.
Os cortes de telecomunicações em muitas zonas de conflito e a perseguição da junta militar aos meios de comunicação social independentes tornam difícil saber exatamente o que se passa no país, segundo a agência espanhola EFE.
Myanmar, com mais de 53 milhões de habitantes, é um dos países mais pobres do Sudeste Asiático.
Segundo a ONU, mais de 200 mil pessoas foram deslocadas na sequência da "Operação 1027", e morreram pelo menos 75 civis e 94 ficaram feridos.
A nova ofensiva e as deserções surgem também numa altura em que analistas e especialistas em Myanmar alertam para a falta de efetivos no exército, agravando a espiral de violência que o país vive há décadas.
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