Grupos de encapuçados assumiram pelas 22.30 locais (21:30 em Lisboa) a frente do protesto, entoando o hino franquista "Cara al sol", tentando derrubar as barreiras policiais e lançando garrafas e latas contra as forças policiais.
Dois manifestantes foram detidos pela polícia e enviados para uma esquadra local, indicou a agência noticiosa Efe.
Os contestatários emitiram insultos ao primeiro-ministro Pedro Sánchez, ao ministro do Interior em funções, Fernando Grande-Marlaska, para além de palavras de ordem como "Arriba España" ou "Dónde están los Borbones?", numa referência ao rei Filipe
No final da manhã de hoje, Madrid voltou a ser o palco de uma manifestação contra a amnistia de independentistas catalães que mobilizou 170 mil pessoas, segundo números das autoridades, com os organizadores a reivindicarem um milhão.
A manifestação foi convocada por uma plataforma de entidades da sociedade civil e contou com o apoio do Partido Popular (PP, direita) e do Vox (extrema-direita), a primeira e a terceira forças no parlamento de Espanha, respetivamente.
No domingo passado, manifestações convocadas pelo PP em 52 cidades mobilizaram dois milhões de pessoas, segundo o partido, e 450 mil, segundo as autoridades.
Além disso, tem havido manifestações diárias, à noite, em frente da sede nacional do PSOE, em Madrid, convocadas nas redes sociais.
Estas manifestações, apoiadas pelo Vox, mas de que se demarca o PP, já acabaram por diversas vezes com distúrbios e cargas policiais e têm também ficado marcadas por símbolos, cânticos e gestos fascistas e da ditadura espanhola de Francisco Franco.
A proposta de lei de amnistia foi entregue no parlamento na segunda-feira passada pelo PSOE e resulta de acordos com dois partidos catalães que em troca viabilizaram, na quinta-feira, um novo Governo de esquerda em Espanha, liderado por Pedro Sánchez, na sequência das eleições legislativas de 23 de julho.
A direita espanhola considera que a amnistia de políticos catalães que protagonizaram a tentativa de autodeterminação da Catalunha em 2017 pode constituir um ataque ao estado de direito e ao princípio da separação de poderes, num alerta que também já fizeram associações de juízes e procuradores.
O PSOE sublinha que a amnistia já foi considerada legal pelo Tribunal Constitucional espanhol em 1986, que já foi aplicada em Espanha em 1976 e 1977 e está também "perfeitamente homologada" nas instâncias europeias e pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Os socialistas defendem que esta amnistia devolve um conflito político à esfera política e servirá para recuperar a convivência entre catalães e entre a Catalunha e o resto de Espanha depois da fratura de 2017.
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