"Apesar de um discurso muito duro sobre a migração e a obsessão com a deportação, a capacidade do Governo para fazer cumprir o controlo da imigração diminuiu consideravelmente", referiu Sigona durante uma conferência dedicada ao impacto da saída do Reino Unido da União Europeia organizada pelo centro de estudos UK in a Changing Europe.
Sigona salientou que "os dados mostram que, entre 2013 e 2022, é possível observar um declínio tanto em termos de afastamento coercivo como de afastamento voluntário".
De acordo com o Ministério do Interior britânico, em 2022 registaram-se 3.860 regressos coercivos, também designados por deportações, menos 74% do que em 2013 (14.850), e 10.710 regressos voluntários, 66% abaixo do valor de 10 anos antes (31.694).
Pelo contrário, em 2022 a guarda fronteiriça britânica recusou a entrada a 23.378 passageiros, o número mais elevado deste tipo de afastamentos em mais de 10 anos.
O número de portugueses afetados por este procedimento, usado quando as autoridades suspeitam de tentativa de irregularidades, nomeadamente de tentativa de imigração sem visto, aumentou significativamente, de 35 em 2020 para 612 em 2022.
Segundo o Ministério do Interior britânico, a composição deste grupo em termos de nacionalidade mudou bastante desde a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
Antes do 'Brexit', em 2020, os cidadãos da UE representavam apenas 17% de todos aqueles a quem era recusada a entrada no país, mas em 2022 foram 59%.
Sigona explicou que "as recusas de entrada são mais fáceis de implementar do que o afastamento coercivo porque não é preciso um acordo bilateral com o país de origem".
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