Meteorologia

  • 19 SEPTEMBER 2024
Tempo
18º
MIN 18º MÁX 26º

ONG pede proteção de palestinianos libertados contra novas detenções

A organização não-governamental palestiniana Addameer instou hoje à "proteção imediata" dos 117 presos palestinianos libertados em troca de reféns israelitas em Gaza, contra "ameaças de novas detenções" ou "represálias por parte das autoridades israelitas".

ONG pede proteção de palestinianos libertados contra novas detenções
Notícias ao Minuto

16:27 - 27/11/23 por Lusa

Mundo Israel/Palestina

A troca, resultante de um acordo entre o movimento islamita palestiniano Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza -- e Israel, implicava a libertação de 50 reféns em cativeiro em Gaza e de 150 cidadãos palestinianos encarcerados em prisões israelitas -- só mulheres e menores, nos dois casos.

Hoje, deve ser concluída a última fase do processo, com a libertação de 11 israelitas e 33 presos palestinianos, no âmbito do cessar-fogo de quatro dias na Faixa de Gaza que terminará ao final do dia, se não for entretanto prolongado.

Até agora, entre os libertados palestinianos "há 30 mulheres e 87 menores da Cisjordânia ocupada e de Jerusalém, a mais velha dos quais é uma mulher de 58 anos" que se encontrava em detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, "e, entre os mais jovens, estão vários rapazes de 16 anos", indicou a Addameer, ONG defensora dos presos palestinianos.

Nas prisões israelitas, continuam pelo menos 33 mulheres e 226 menores, alguns deles com apenas 14 anos, precisou a organização.

Ao mesmo tempo, as libertações dos últimos dias "decorreram por entre restrições, proibições e ameaças generalizadas aos meios de comunicação social", tendo Israel tentado impedir a cobertura noticiosa do processo e dos atos de celebração, acrescentou a Addameer.

"Na base militar de Ofer, de onde foram libertadas mulheres e crianças da Cisjordânia", Israel "emitiu um veto que impedia os jornalistas de se concentrarem no local da libertação", e as suas forças "dispararam granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo contra as multidões que esperavam" os prisioneiros libertados, denunciou a ONG.

Além disso, os libertados em Jerusalém, de um estabelecimento prisional no centro da cidade, saíram "sob crescentes ameaças de perseguição e proibições de qualquer celebração".

O ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, "ordenou à polícia que tomasse medidas enérgicas contra qualquer celebração, incluindo a proibição de distribuição de doces e a respetiva apreensão", segundo a Addameer.

Alguns dos presos palestinianos disseram ter sido levados até junto de membros dos serviços secretos israelitas antes de serem libertados, que os "ameaçaram de voltar a prendê-los se participassem em celebrações ou dessem entrevistas aos meios de comunicação social sobre as condições de encarceramento e os abusos sofridos", revelou a ONG.

Em localidades controladas pela Autoridade Palestiniana, como Ramallah, Jenin, Jericó e Nablus, houve celebrações, com muitos palestinianos a expressarem alegria pela libertação dos prisioneiros, que viram como um triunfo sobre Israel, embora também tenham manifestado tristeza pelos cerca de 15.000 palestinianos mortos na Faixa de Gaza.

A Addameer sublinhou também que "a libertação de mulheres e crianças palestinianas põe em evidência o encarceramento sistemático, arbitrário e em massa de civis palestinianos nas prisões militares israelitas".

As operações de captura israelitas em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia intensificaram-se após o início da guerra com o Hamas na Faixa de Gaza, a 07 de outubro, e desde então, segundo dados da ONG, mais de 3.260 palestinianos foram detidos, entre os quais 120 mulheres e mais de 200 menores.

"Atualmente, mais de 7.000 presos políticos palestinianos estão em prisões israelitas, incluindo 2.500 em detenção administrativa, sem acusação ou julgamento", indicou a Addameer, apelando para "a libertação de todos os prisioneiros".

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 52.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 200 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.

Leia Também: Guterres pede "cessar-fogo humanitário definitivo" na Faixa de Gaza

Recomendados para si

;
Campo obrigatório