ONG pede proteção de palestinianos libertados contra novas detenções

A organização não-governamental palestiniana Addameer instou hoje à "proteção imediata" dos 117 presos palestinianos libertados em troca de reféns israelitas em Gaza, contra "ameaças de novas detenções" ou "represálias por parte das autoridades israelitas".

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© Getty Images

Lusa
27/11/2023 16:27 ‧ 27/11/2023 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

A troca, resultante de um acordo entre o movimento islamita palestiniano Hamas -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza -- e Israel, implicava a libertação de 50 reféns em cativeiro em Gaza e de 150 cidadãos palestinianos encarcerados em prisões israelitas -- só mulheres e menores, nos dois casos.

Hoje, deve ser concluída a última fase do processo, com a libertação de 11 israelitas e 33 presos palestinianos, no âmbito do cessar-fogo de quatro dias na Faixa de Gaza que terminará ao final do dia, se não for entretanto prolongado.

Até agora, entre os libertados palestinianos "há 30 mulheres e 87 menores da Cisjordânia ocupada e de Jerusalém, a mais velha dos quais é uma mulher de 58 anos" que se encontrava em detenção administrativa, sem acusação ou julgamento, "e, entre os mais jovens, estão vários rapazes de 16 anos", indicou a Addameer, ONG defensora dos presos palestinianos.

Nas prisões israelitas, continuam pelo menos 33 mulheres e 226 menores, alguns deles com apenas 14 anos, precisou a organização.

Ao mesmo tempo, as libertações dos últimos dias "decorreram por entre restrições, proibições e ameaças generalizadas aos meios de comunicação social", tendo Israel tentado impedir a cobertura noticiosa do processo e dos atos de celebração, acrescentou a Addameer.

"Na base militar de Ofer, de onde foram libertadas mulheres e crianças da Cisjordânia", Israel "emitiu um veto que impedia os jornalistas de se concentrarem no local da libertação", e as suas forças "dispararam granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo contra as multidões que esperavam" os prisioneiros libertados, denunciou a ONG.

Além disso, os libertados em Jerusalém, de um estabelecimento prisional no centro da cidade, saíram "sob crescentes ameaças de perseguição e proibições de qualquer celebração".

O ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, "ordenou à polícia que tomasse medidas enérgicas contra qualquer celebração, incluindo a proibição de distribuição de doces e a respetiva apreensão", segundo a Addameer.

Alguns dos presos palestinianos disseram ter sido levados até junto de membros dos serviços secretos israelitas antes de serem libertados, que os "ameaçaram de voltar a prendê-los se participassem em celebrações ou dessem entrevistas aos meios de comunicação social sobre as condições de encarceramento e os abusos sofridos", revelou a ONG.

Em localidades controladas pela Autoridade Palestiniana, como Ramallah, Jenin, Jericó e Nablus, houve celebrações, com muitos palestinianos a expressarem alegria pela libertação dos prisioneiros, que viram como um triunfo sobre Israel, embora também tenham manifestado tristeza pelos cerca de 15.000 palestinianos mortos na Faixa de Gaza.

A Addameer sublinhou também que "a libertação de mulheres e crianças palestinianas põe em evidência o encarceramento sistemático, arbitrário e em massa de civis palestinianos nas prisões militares israelitas".

As operações de captura israelitas em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia intensificaram-se após o início da guerra com o Hamas na Faixa de Gaza, a 07 de outubro, e desde então, segundo dados da ONG, mais de 3.260 palestinianos foram detidos, entre os quais 120 mulheres e mais de 200 menores.

"Atualmente, mais de 7.000 presos políticos palestinianos estão em prisões israelitas, incluindo 2.500 em detenção administrativa, sem acusação ou julgamento", indicou a Addameer, apelando para "a libertação de todos os prisioneiros".

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 52.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 200 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.

Leia Também: Guterres pede "cessar-fogo humanitário definitivo" na Faixa de Gaza

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