VIH continua a afetar milhões na Europa (mas tendência é decrescente)
O número de novos casos diagnosticados com infeção por VIH diminuiu na região europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS) entre 2013 e 2022, divulgou hoje o Centro Europeu de Controlo de Doenças.
© Lusa
Mundo VIH
O relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) difundido a propósito do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala na sexta-feira, adianta que a infeção por VIH "continua a afetar milhões de pessoas".
"O número de mulheres diagnosticadas diminuiu 26% na região europeia da OMS, de 52.788 em 2013 para 39.070 em 2022, e o número de homens diagnosticados diminuiu em 21%, passando de 90.208 para 71.118", indica o relatório.
No ano passado, foram notificados 110.496 diagnósticos de VIH, a maioria no leste europeu (72%), em particular na Rússia e na Ucrânia. As regiões Oeste e Centro também verificaram casos (10% e 8%, respetivamente).
Nos países do Espaço Económico Europeu (EEE), que inclui a União Europeia (UE), foram notificados 22.995 novos diagnósticos.
A região europeia da OMS regista mais de 2,4 milhões de casos diagnosticados nos últimos 30 anos -- e mais de 620.000 pessoas na UE/EEE.
"A tendência geral reflete em grande parte a situação na Rússia onde os diagnósticos diminuíram 31% desde 2019. Os restantes países registaram variações significativas, especialmente em 2022, quando várias nações tiveram aumentos dramáticos no número de casos diagnosticados originários da Europa Central e Oriental, incluindo casos positivos anteriores", observa o relatório.
Por outro lado, foi registada uma diminuição de mais 50% entre os homens em Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Portugal. Entre mulheres, a maior redução foi verificada, entre 2013 e 2022, ocorreu em Itália, Países Baixos, Portugal e Roménia.
Ainda assim, a região europeia da OMS registou um aumento de 4,2% em relação a 2021, mas os diagnósticos são 20,5% inferiores aos de 2019, antes da pandemia da covid-19. Na UE/EEE, os casos aumentaram 30,8% entre 2021 e 2022, mas diminuíram em comparação com 2019.
"Vários fatores contribuem para as diferenças nas tendências da infeção por VIH entre 2021 e 2022, incluindo a restituição das atividades de vigilância, a expansão e introdução de novas estratégias de testagem em muitos países, os padrões de migração, o levantamento das restrições à covid-19 e o afluxo de refugiados, especialmente da Ucrânia", sublinha.
Alem disso, segundo o relatório, o aumento de diagnósticos positivos anteriores teve um papel significativo na definição do perfil epidemiológico do VIH na Europa, principalmente na UE/EEE e na região ocidental.
"O contacto heterossexual emergiu como a via predominante de transmissão do VIH em 2022, especialmente nas mulheres", salienta, acrescentado que, "apesar de um declínio nos diagnósticos de VIH entre homens que fazem sexo com homens (HSH) desde 2014, houve um ligeiro aumento em 2022, nomeadamente entre HSH de origem migrante".
Com um diagnóstico tardio, cerca de metade (50,6% na região da OMS, 47,9% na (UE/EEE) das pessoas diagnosticadas em 2022 tinham "contagens de células CD4 abaixo de 350 por mm3".
A transmissão do VIH entre pessoas que injetam drogas continua a permanecer num nível baixo da maior parte dos países da UE/EEE, com um pequeno aumento no número de casos diagnosticados observados em 2022.
"Este aumento é significativamente menor do que os observados em outros modos de transmissão, graças à presença de sinais bem estabelecidos e programas eficazes de redução de danos na maioria dos países da UE/EEE. (...) Esse ligeiro aumento poderia ser atribuído a diagnósticos positivos anteriores, já que 24,4% dos todos os indivíduos infetados através de injeção de drogas caem nesta categoria", indica o documento.
Esta ligeira subida foi registada na maioria dos países da UE/EEE, mas Áustria, Chipre, Grécia, Portugal e Roménia observaram um declínio de mais de 30%.
Dez países, incluindo Portugal, relataram de forma consistente dados sobre testes de VIH realizados entre 2013 e 2022, excluindo testes anónimos desvinculados e testes de doações de sangue.
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