Só o tempo impediu "resultado melhor" nas europeias
O líder do partido espanhol Podemos, que elegeu cinco eurodeputados nas eleições de 25 de maio e que esta semana se estreou no Parlamento Europeu, acredita que só o tempo impediu "um resultado melhor".
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Mundo Podemos
Em entrevista à agência Lusa, à margem de um comício que reuniu recentemente, em Atenas, vários representantes da esquerda radical na Europa, a convite da coligação grega Syriza, Pablo Iglesias admite não ter ficado surpreendido com o resultado do Podemos nas últimas eleições para o Parlamento Europeu.
"Sabíamos que estávamos a mobilizar a expectativa. Houve muita gente que nos abordou para dizer 'há muitos anos que não sentíamos esta expectativa política'. Creio que nos faltou tempo, se tivéssemos tido mais tempo, teríamos podido obter um resultado melhor", afirma.
Pablo Iglesias descarta que os quase oito por cento dos votos obtidos pelo Podemos nas eleições de 25 de maio tenham sido um voto de protesto contingencial às eleições europeias. "As sondagens para as eleições gerais [em Espanha] dão-nos já mais de 15 por cento dos votos. Em intenção direta de voto, algumas dessas sondagens situam-nos como primeira ou segunda força política. Não me parece contingente", contrapõe.
Reconhecendo que "o resultado não foi bom", o líder da formação de esquerda explica: "Não conseguimos superar eleitoralmente os partidos da casta, os partidos dinásticos. E o nosso objetivo não é ter um papel passivo, mas tentar ganhar e chegar ao poder, para mudar o nosso país".
E o Podemos -- garante -- está preparado para exercer o poder, ainda que assumindo que será "muito difícil" fazê-lo no quadro de um sistema que contesta.
Contestação foi o primeiro ato no Parlamento Europeu de Pablo Iglesias, que, logo no discurso inaugural, ignorou os diversos avisos de tempo do presidente da mesa, continuando o que tinha para dizer até ao fim, após o que foi aplaudido de pé por alguns dos eurodeputados da ala esquerda.
A propósito da deslocação a Atenas, a convite de Alexis Tsipras, lider do Syriza, Pablo Iglesias sublinhou o "interesse em aprender com o que se passa atualmente na Grécia", onde a coligação de esquerda radical venceu as eleições para o Parlamento Europeu, com 26,6 por cento dos votos.
Pablo Iglesias está convencido de que Alexis Tsipras vai formar Governo. "Não tenho a menor dúvida de que ele será o próximo primeiro-ministro da Grécia. Acreditamos que a Grécia poderá dar início ao campo político da esquerda radical na Europa", reitera.
"Alexis Tsipras e o Syriza estão a mostrar que aqueles que querem uma mudança não são forças subalternas, mas que podem ganhar", vinca, alertando que, "para ganhar, falta uma aliança em toda a Europa", sobretudo nos países do Sul. "Estão a converter-nos em colónias do Norte, por isso temos boas razões, nós, os europeus do Sul, de fazermos uma aliança para defender os direitos e a dignidade dos nossos povos", sustenta.
Reconhecendo que existem "diferenças" entre os países do Sul, Pablo Iglesias descarta a hipótese de estas poderem afetar o funcionamento da proposta aliança.
"Há uma série de características comuns muito importantes. Por exemplo, a divisão do trabalho europeu está a converter-nos em periferias, em países subalternos, que só podem oferecer mão de obra barata, porque a sua base industrial produtiva foi destruída e os seus direitos sociais eliminados", observa.
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