Líderes mundiais lembram "político visionário" Henry Kissinger

O ex-secretário de Estado norte-americano, figura incontornável da diplomacia mundial durante a Guerra Fria, morreu na quarta-feira, aos 100 anos.

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© Alex Wong/Getty Images

Lusa
30/11/2023 09:34 ‧ 30/11/2023 por Lusa

Mundo

Óbito/Kissinger

Vários líderes mundiais enalteceram hoje o legado do ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, que morreu na quarta-feira, lembrando-o como "político visionário" e "grande diplomata".

O presidente russo, Vladimir Putin, expressou as suas condolências pela morte de Henry Kissinger, num telegrama enviado à viúva do ex-chefe da diplomacia dos EUA divulgado pelo Kremlin, lembrando-o como um político visionário de grande autoridade em todo o mundo.

"Morreu um diplomata muito notável, um estadista sábio e visionário, que durante muitas décadas gozou de autoridade merecida em todo o mundo", refere o telegrama.

Na nota, Putin realçou que Kissinger, com quem se encontrou em mais de 20 ocasiões, sempre defendeu "uma política externa pragmática", que "lhe permitiu alcançar a redução da escalada das tensões internacionais".

"E alcançar importantes acordos soviético americanos que contribuíram para o fortalecimento da segurança global", acrescentou.

O presidente russo lembrou que teve a oportunidade de falar com Kissinger - que destacou como "homem profundo e extraordinário" - em inúmeras ocasiões: "Sem dúvida, guardarei dele as melhores lembranças".

Putin, que sempre dedicou palavras calorosas ao ex-chefe da diplomacia norte-americana, recebeu Kissinger pela última vez em 30 de junho de 2017.

Outros altos funcionários e políticos russos sublinharam que, ao contrário dos atuais líderes ocidentais, Kissinger foi capaz de chegar a um acordo com os seus oponentes sem recorrer a ameaças ou sanções.

Kissinger propôs em 2022 que a Ucrânia concordasse em regressar ao 'status quo' de 2014, o que significaria desistir da península anexada da Crimeia e de parte do Donbass, o que foi rejeitado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Da Ucrânia surgiu uma declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros, que na rede social X (ex-twitter) considerou que o "legado intelectual" de Kissinger "continuará a influenciar" a "diplomacia e a ordem mundial", mesmo após a sua morte.

"O seu legado intelectual continuará a influenciar a compreensão da diplomacia e da ordem mundial", escreveu o ministro Dmytro Kouleba.

Por seu lado, o chanceler alemão Olaf Scholz saudou o "compromisso significativo" de Henry Kissinger para com a amizade entre a Alemanha e os Estados Unidos, acrescentando que o mundo perdeu "um grande diplomata".

Henry Kissinger, que fugiu da Alemanha nazi para se instalar com a família nos Estados Unidos, "permaneceu sempre ligado ao seu país natal", acrescentou o chanceler na sua conta na rede social X.

Também o presidente israelita expressou as suas condolências pela morte do ex-secretário de Estado dos EUA, elogiando-o como um grande diplomata que amava Israel.

"Henry Kissinger foi um dos maiores diplomatas. Um adolescente judeu que fugiu dos nazis e se tornou um gigante que moldou a política mundial com suas próprias mãos e mente", disse Herzog, num comunicado divulgado pelo seu gabinete.

Isaac Herzog sublinhou ainda os "frutos dos processos históricos" que Kissinger liderou, "incluindo o estabelecimento das bases do acordo de paz de Israel com o Egito".

O ex-secretário de Estado norte-americano, figura incontornável da diplomacia mundial durante a Guerra Fria, morreu na quarta-feira, aos 100 anos.

Kissinger, que dominou a política externa dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, manteve-se ativo até ao fim da vida, apesar da idade avançada.

O lendário e controverso diplomata visitou, em julho, já com 100 anos, a China, onde se encontrou com o presidente do país, Xi Jinping.

As opiniões do antigo diplomata sobre assuntos da atualidade, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e os riscos da inteligência artificial, têm sido frequentemente citados nos meios de comunicação social.

Leia Também: Kissinger, o controverso secretário de Estado dos EUA na Guerra Fria

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