Lula da Silva e Scholz defendem finalização do acordo entre UE e Mercosul
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, e o Chanceler alemão, Olaf Scholz, defenderam hoje a finalização do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, numa altura em que se receia um novo adiamento.
© Lusa
Mundo Acordo Comercial
Lula da Silva exortou a UE a decidir se quer finalmente fechar o acordo comercial que o bloco europeu está a negociar com o Mercosul, ao mesmo tempo que garantiu que vai trabalhar até ao fim para conseguir a assinatura do pacto nos próximos dias, embora tenha dito não ter a certeza de que isso será conseguido.
"Estamos a trabalhar nisto há quase 23 anos. A cimeira da próxima quinta-feira [no Rio de Janeiro], será um momento decisivo. Espero que a União Europeia (UE) decida se está interessada em fechar o acordo", afirmou numa conferência de imprensa, após um encontro com o chanceler alemão Olaf Scholz, em Berlim.
"Não se pode dizer que vamos assiná-lo", admitiu Lula, que garantiu, no entanto, que voará terça-feira diretamente para o Rio de Janeiro para negociar e avaliar se o acordo tem mesmo sinais de ser assinado, dada a relutância da França e o facto de haver uma mudança quando o Presidente argentino em funções, Alberto Fernández, deixar o cargo, a 10 de dezembro.
Por seu lado, o Chanceler alemão apelou a todas as partes para que façam "compromissos" e atuem de forma "pragmática" para finalizar o acordo comercial entre a UE e o Mercosul.
Olaf Scholz recebeu hoje na Chancelaria, em Berlim, o Presidente Lula da Silva, no âmbito das segundas consultas intergovernamentais Brasil-Alemanha, sob o lema "Parceiros fortes para o progresso e a sustentabilidade".
A reunião bilateral entre os dois líderes inclui questões de política económica e financeira, bem como a transformação ecológica e a energia, entre outras, disse uma porta-voz do Governo alemão na sexta-feira.
Na agenda está, ainda, "toda a gama de questões internacionais atuais", como a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, além do acordo UE-Mercosul.
Lula encontrou-se esta manhã com o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, que o recebeu com honras militares na sua residência oficial, o Palácio de Bellevue.
O encontro contou com a presença do ministro das Finanças brasileiro, Fernando Haddad, com quem foi discutido o "progresso da economia", segundo escreveu o chefe de Estado do Brasil na rede social X.
A propósito destas consultas intergovernamentais germano-brasileiras, representantes do setor económico alemão apelaram hoje a um impulso decisivo à negociação do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
A economia alemã tem "grandes expectativas" em relação à visita da delegação brasileira, chefiada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou o presidente da Iniciativa Latino-Americana da Economia Alemã (LAI), Ingo Kramer.
O responsável desta organização, que se dedica à promoção das relações comerciais com o continente sul-americano, afirmou que muitas empresas alemãs esperam que o encontro de Lula com o chanceler Olaf Scholz contribua para que as negociações cheguem a uma conclusão positiva.
"Precisamos de um acordo antes do final do ano. Caso contrário, há o perigo de que isso se transforme em uma 'história sem fim'", disse, segundo um comunicado.
Volker Treier, diretor de comércio externo da Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK), afirmou que a rápida conclusão do acordo enviaria um "sinal claro" a favor da economia alemã.
"O acordo não só abre novas oportunidades de mercado para as empresas alemãs numa área económica importante, como também oferece novas oportunidades para a diversificação das cadeias de produção e para o fornecimento de matérias-primas", afirmou.
Após duas décadas de conversações, em 2019, a UE e o Mercosul chegaram a um acordo político geral para selar o pacto, deixando pendente a resolução de alguns aspetos técnicos.
No entanto, essa discussão foi complicada pelo surgimento de novas exigências de ambos os lados da mesa, em particular as relacionadas com as questões ambientais da UE.
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