A presidente do Conselho da Federação, Valentina Matvienko, adiantou que a decisão de marcar as eleições presidenciais para 17 de março do próximo ano foi tomada por unanimidade pelos senadores.
A responsável indicou que "esta decisão praticamente dá início à campanha presidencial".
Vladimir Putin, de 71 anos, ainda não anunciou a sua intenção de concorrer novamente, mas espera-se que o faça nos próximos dias, agora que a data foi definida.
De acordo com as reformas constitucionais, Putin é elegível para concorrer a mais dois mandatos de seis anos.
Segundo a AP, o Presidente russo estabeleceu um controlo apertado sobre o sistema político e, assim, a sua vitória nas eleições de março está praticamente garantida. Os críticos proeminentes que poderiam enfrentá-lo nas urnas estão presos ou a viver no estrangeiro e a maioria dos meios de comunicação independentes foram proibidos no país.
Nem a custosa e prolongada guerra na Ucrânia, nem a rebelião fracassada no verão passado do mercenário Yevgeny Prigozhin parecem ter afetado os seus elevados índices de aprovação, indicados por institutos de pesquisa independentes.
Num comunicado, o líder da oposição, Alexei Navalny - que está preso -, instou os seus apoiantes a votarem em qualquer um, menos em Putin.
"Putin vê estas eleições como um referendo para a aprovação das suas ações. Um referendo para a aprovação da guerra. Vamos atrapalhar os seus planos, vamos fazer isso acontecer para que ninguém no dia 17 de março esteja interessado no resultado fraudulento, mas que toda a Rússia veja e entenda: a vontade da maioria é que Putin saia", afirmou Navalny no comunicado.
Duas pessoas anunciaram planos de concorrer: o ex-parlamentar Boris Nadezhdin, que ocupa um assento num conselho municipal na região de Moscovo, e Yekaterina Duntsova, jornalista e advogada da região de Tver, ao norte de Moscovo, que já integrou uma legislatura local.
Os aliados de Igor Strelkov, um nacionalista de linha dura que foi preso ao acusar Putin de fraqueza e indecisão na Ucrânia, citaram as suas ambições de concorrer também, mas as acusações de extremismo pelas autoridades russas tornaram a sua candidatura improvável.
Para Nadezhdin e Duntsova, chegar às urnas pode ser uma batalha difícil. A menos que um dos cinco partidos políticos com assento na Câmara Baixa (Duma) nomeie-os como o seu candidato, terão de recolher dezenas de milhares de assinaturas em várias regiões.
De acordo com as leis eleitorais russas, os candidatos apresentados por um partido que não esteja representado na Duma ou em pelo menos um terço das legislaturas regionais têm de apresentar pelo menos 100.000 assinaturas de 40 ou mais regiões. Aqueles que concorrem independentemente de qualquer partido precisariam de um mínimo de 300 mil assinaturas de 40 regiões ou mais.
Estes requisitos também se aplicam a Putin, que tem utilizado táticas diferentes ao longo dos anos. O chefe de Estado russo concorreu como independente em 2018 e sua campanha reuniu assinaturas. Em 2012, concorreu como candidato do partido Rússia Unida, assim não houve necessidade da recolha de assinaturas.
A comissão eleitoral russa planeia também a votação 'online', além das tradicionais cédulas de papel, em cerca de 30 regiões russas e está a considerar estender a votação por três dias -- uma prática que foi adotada durante a pandemia e amplamente criticada por observadores eleitorais independentes.
[Notícia atualizada às 12h59]
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