Perita da ONU alarmada com desaparecimento de Alexei Navalny
Uma especialista em direitos humanos da ONU mostrou-se hoje alarmada com o "desaparecimento forçado" do opositor russo Alexei Navalny e exigiu que Moscovo o liberte imediatamente.
© Getty Images
Mundo Rússia
"Preocupa-me muito que as autoridades russas não revelem o paradeiro de Navalny e o seu estado de saúde durante um período tão prolongado, o que equivale a um desaparecimento forçado", afirmou Mariana Katzarova, relatora especial da ONU para os direitos humanos na Rússia, num comunicado citado pelas agências internacionais.
Na mesma nota informativa, Katzarova afirmou já ter expressado as suas preocupações às autoridades russas.
De acordo com agência de notícias francesa AFP, o opositor russo pode estar a ser transferido para outra prisão com um regime mais rigoroso, um procedimento que muitas vezes leva semanas na Rússia, país com um vasto território no qual vários estabelecimentos prisionais herdados da era soviética ficam localizados em regiões de difícil acesso.
A perita da ONU disse acreditar que as acusações de extremismo imputadas a Navalny são "infundadas" e sublinhou que os prisioneiros correm o risco de graves violações dos seus direitos durante o transporte de uma prisão para outra.
A especialista independente, nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas que não fala em nome da ONU, sublinhou que "o termo 'extremismo' não tem base no direito internacional".
"Quando isto leva a um processo, constitui uma violação dos direitos humanos", acrescentou a relatora, criticando "a incessante perseguição criminal a Navalny".
"Navalny e todos outros detidos arbitrariamente devem ser libertados imediatamente e receber soluções e reparações por todos os danos sofridos", afirmou Mariana Katzarova.
Os apoiantes de Navalny, que foi preso em 2021 depois de ter sobrevivido a uma tentativa de assassínio por envenenamento, que atribui ao Kremlin (Presidência russa), alertaram para o desaparecimento do opositor no início deste mês, quando foi visto pela última vez.
Os advogados de Navalny não conseguem contactar o opositor desde 06 de dezembro, nem tiveram qualquer informação sobre o seu estado de saúde ou paradeiro.
Hoje, Kira Iarmich, porta-voz exilada do ativista russo, indicou que os advogados da Fundação Anticorrupção (FBK) de Navalny perguntaram sobre o opositor russo "em mais de 200 centros de detenção provisórios", mas não obtiveram ainda respostas.
O tribunal da região de Vladimir, a leste de Moscovo, onde Alexei Navalny se encontrava detido até às últimas informações disponíveis, declarou hoje que "duas audiências (...) foram adiadas" devido à "impossibilidade" do ativista "assegurar a sua participação", informou a agência de notícias RIA Novosti.
O opositor foi condenado a 19 anos de prisão por "extremismo", pena que deverá cumprir num estabelecimento com um "regime especial", unidades prisionais com condições mais duras e que normalmente são reservadas aos presos com penas perpétuas ou aos classificados como mais perigosos.
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