"Os nossos funcionários estão a ficar sem palavras para descrever a situação catastrófica que os nossos pacientes e profissionais de saúde enfrentam", disse hoje o representante da OMS nos Territórios Palestinianos Ocupados, Richard Peeperkorn, numa conferência de imprensa virtual.
Segundo adiantou, apenas nove dos 36 hospitais de toda a Faixa de Gaza conseguem operar atualmente, na sequência de 246 ataques contra instalações de saúde.
O único hospital que ainda está aberto no norte de Gaza, o al-Ahli, ainda trata alguns pacientes que aí estão internados, mas já não admite novos, explicou Richard Peeperkorn, sublinhando que "os cadáveres causados pelos ataques mais recentes estão amontoados no pátio, uma vez que não podem ser enterrados com segurança e dignidade".
Peeperkorn lembrou que mais de 20 trabalhadores hospitalares foram detidos pelas forças israelitas na segunda-feira, e embora seis deles já tenham sido libertados, foram forçados a ir para o sul de Gaza.
A situação daqueles que ainda estão detidos é desconhecida.
Na quarta-feira, a OMS conseguiu que uma missão conjunta da organização e de outras agências da ONU chegasse aos hospitais al-Ahli e al-Shifa - outro que ainda tem pacientes mas já não admite novos - para levar material médico, naquela que foi a terceira operação deste tipo realizada desde o fim das tréguas humanitárias.
Al-Ahli "está em completo caos, totalmente congestionado e a parecer uma área atingida por um desastre", descreveu Peeperkorn.
"A OMS reitera o seu apelo a todas as partes para que respeitem o direito humanitário internacional no que diz respeito à proteção dos profissionais de saúde, doentes, instalações de saúde e ambulâncias", sublinhou o responsável.
A OMS contabilizou até agora 246 ataques a instalações de saúde em Gaza, incluindo os sofridos por 26 dos 36 hospitais e outros contra 76 ambulâncias, que causaram 586 mortos e 748 feridos.
Segundo dados fornecidos pelas autoridades de Gaza, controladas pelo Hamas, e citados pela OMS, o conflito entre Israel e o grupo islamita, iniciado em 07 de outubro, já provocou pelo menos 20 mil mortos (1% da população de Gaza) e 52.500 mil feridos, estando desaparecidas 7,6 mil pessoas, muitas delas enterradas sob os escombros.
Pelo menos 136 trabalhadores das Nações Unidas (pertencentes à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, UNRWA) e 198 médicos morreram em dois meses e meio de hostilidades.
Leia Também: OMS alerta: "Não há nenhum hospital a funcionar" no norte de Gaza