O primeiro-ministro felicitou Marcelo Rebelo de Sousa pela relação que ambos mantiveram nos últimos oito anos, durante a apresentação de cumprimentos de boas festas do Governo, vincando a "prenda" da promulgação do Orçamento de Estado para 2024 (OE2024) e procurando "tranquilizar" o Presidente quanto ao seu sucessor.
Dirigindo-se a Marcelo, António Costa recordou que os últimos oito anos de relação com o Palácio de Belém foram "muito exigentes" mas que "felizmente, hoje já mal nos lembramos de algumas das apoquentações que tínhamos há oito anos", com vitórias como a pandemia e momentos "felizes e porventura irrepetíveis", como a eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU.
"De qualquer modo, acho que foram oito anos em que os portugueses, no essencial, se recordarão, do ponto de vista da relação institucional, como um dos melhores períodos de relacionamento entre os órgãos de soberania. Como professor de Direito Constitucional, sabe mais e tem aliás uma memória melhor que a minha, mas duvido que tenha havido tantos períodos de tanta boa convivência entre órgãos de soberania", disse Costa, reiterando que é a "imagem que representa a realidade, do ponto de vista pessoal e institucional".
O primeiro-ministro admitiu ainda que é uma pessoa "irritantemente otimista", procurado "tranquilizar" Marcelo, esboçando um sorriso na cara.
"Sei que nunca experimentou presidir com outro primeiro-ministro. Eu já tive a oportunidade de ser primeiro-ministro com outro Presidente, e se há uma coisa que lhe posso assegurar é que nos habituamos. Acho que seguramente se vai habituar e que vai correr bem", afirmou.
António Costa salientou também a promulgação do OE2024, anunciada há menos de uma hora pelo Presidente da República, que considerou como uma "excelente notícia" e "quem governar em 2024, terá um orçamento que assegura contas públicas equilibradas".
Já depois de mencionar os pagamentos da Comissão Europeia no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, o primeiro-ministro demissionário, que anunciou a sua saída a 7 de novembro, aproveitou ainda a ocasião natalícia para brincar com a sua falta de religião e com a "tentativa" de conversão de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Entre nós, temos uma diferença profunda e que não conseguimos ultrapassar - bem se esforçou -, mas efetivamente não me conseguiu conquistar para o privilégio da fé. Quem não tem o privilégio da fé, tem mesmo de ter uma dose suplementar de confiança para enfrentar as desventuras. Mas uma coisa lhe posso assegurar: Eu, como ex-primeiro-ministro, não imitarei aqueles que não imitei como primeiro-ministro, mas poderá sempre contar com toda a minha disponibilidade para, ou por telefone ou pessoalmente, poder acrescentar um suplemento de otimismo quando a fé não lhe seja suficiente", gracejou Costa.
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