O ataque ocorreu na sexta-feira à noite na localidade de Vugizo, situada a cerca de 20 quilómetros de Bujumbura e na fronteira com a República Democrática do Congo, país onde se encontra a base da RED-Tabara (Resistência ao Estado de Direito no Burundi), o principal grupo armado de combate ao regime liderado por Evariste Ndayishimiye.
Em comunicado, o Governo afirmou que este "ataque cobarde" visou deliberadamente civis, matando 20 pessoas, incluindo "12 crianças, cinco das quais com menos de 5 anos; três mulheres, duas das quais grávidas; e cinco homens, um dos quais agente da polícia que interveio para tentar salvar os civis".
Nove pessoas ficaram feridas e foram transportadas para o hospital, acrescentou o Governo, condenando o "ato terrorista desprezível e bárbaro".
Numa mensagem na rede social "X" (antigo Twitter), o grupo RED-Tabara afirmou que os seus "combatentes (...) baseados no Burundi atacaram o posto fronteiriço de Vugizo" e que "nove soldados e um polícia foram mortos".
Duas fontes militares e de segurança avançaram à AFP que o ataque tinha como alvo "uma posição militar".
"Os civis foram apanhados no fogo cruzado e mortos, depois de os atacantes se retiraram para a República Democrática do Congo", afirmou um oficial superior do exército que pediu o anonimato e confirmou o número de vítimas mortais.
Esta foi a segunda ação, em menos de duas semanas, dos rebeldes em solo burundiano, onde não estavam ativos desde os ataques de setembro de 2021, um dos quais contra o aeroporto de Bujumbura.
Em 11 de dezembro registaram-se confrontos com soldados no noroeste do país.
"O movimento RED-Tabara promete continuar as suas operações em todo o país", escreveram os rebeldes no "X".
Criada em 2011 e com uma força de cerca de 500 a 800 homens, a RED-Tabara é acusada de ser responsável pela maioria dos ataques mortais e emboscadas no país desde 2015.
O Presidente Evariste Ndayishimiye, que chegou ao poder em junho de 2020 na sequência da morte súbita de Pierre Nkurunziza, afirmou em várias ocasiões estar disposto a dialogar com os grupos rebeldes, nomeadamente a RED-Tabara e as Forças Nacionais de Libertação.
A RED-Tabara rejeitou o convite, reiterando, num comunicado, que a sua condição prévia era "a negociação de condições para a organização de eleições democráticas, livres, inclusivas e transparentes".
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