"Posso confirmar que Ousmane Sonko e Bassirou Diomaye Faye apresentaram os seus dossiers de candidatura ao Conselho Constitucional", disse à AFP Ousseynou Ly, aquele responsável do departamento de comunicação do partido de Sonko, o Patriotas do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef).
Ousmane Sonko, figura central de um conflito com o Estado que dura há mais de dois anos e que levou a vários episódios de violência, tem, de acordo com a lei eleitoral senegalesa, até às 24:00 de hoje, 26 de dezembro, para apresentar a sua candidatura e recolher patrocínios.
Bassirou Diomaye Faye, também detido, é o plano B do Pastef - que as autoridades senegalesas anunciaram que tinha sido dissolvido no final de julho - para as eleições presidenciais de 25 de fevereiro de 2024.
Na semana passada, o representante de Sonko foi impedido de recolher os documentos necessários para a candidatura do opositor junto da Direção-Geral das Eleições (DGE).
Os seus advogados anunciaram então a intenção do político apresentar a candidatura, dizendo que tinham "confiança no sistema judicial", em face a um Estado que, segundo eles, estava a tentar "mantê-lo fora" das eleições.
"Estamos certos de que a candidatura será apresentada e validada. O Conselho Constitucional é um órgão judicial e não político", afirmou um dos seus advogados, Saïd Larifou, numa conferência de imprensa em Paris, na passada sexta-feira.
Sonko foi condenado à revelia em 01 de junho último a dois anos de prisão por abusos de uma menor num julgamento a que se recusou comparecer por considerar uma cabala política para o impedir de concorrer às próximas presidenciais.
O político da oposição, de 49 anos, que está detido desde o final de julho por outras acusações, entre as quais o apelo à insurreição, a associação criminosa a um projeto terrorista e atentado contra a segurança do Estado, denuncia estes e outros casos em que foi implicado como sendo uma conspiração para o afastar das eleições.
Em meados de dezembro, um juiz em Dacar deu nova vida à sua candidatura ao ordenar a sua reinscrição nos cadernos eleitorais, confirmando uma decisão proferida em outubro pelo tribunal de Ziguinchor (província no sul do país com fronteira com a Guiné-Bissau) que tinha sido anulada pelo Supremo Tribunal.
A antiga primeira-ministra Aminata Touré, que chegou a ser próxima do atual presidente Macky Sal -- a terminar o segundo mandato e impedido de concorrer -, mas que depois se juntou à oposição, também anunciou a sua candidatura na segunda-feira.
Na semana passada, o partido no poder no Senegal, a Aliança para a República (APR), nomeou o atual primeiro-ministro, Amadou Ba, como candidato às presidenciais.
Ba, 62 anos, primeiro-ministro desde setembro de 2022, parte para a corrida como o candidato favorito. Antes de ser nomeado para o atual cargo, ocupou as pastas dos Negócios Estrangeiros e da Economia, o que levou Sall a enaltecer em várias ocasiões a sua experiência em cargos de responsabilidade no país africano.
O Conselho Constitucional deverá anunciar a lista dos candidatos presidenciais em 20 de janeiro.
Leia Também: Supremo anula permissão de opositor concorrer às presidenciais no Senegal