Meteorologia

  • 20 SEPTEMBER 2024
Tempo
18º
MIN 17º MÁX 23º

"Visionário", "grande europeu", "gigante". As reações à morte de Delors

Várias foram as personalidades nacionais e internacionais que sublinharam o legado do socialista, que é encarado como um dos pais da Europa moderna.

"Visionário", "grande europeu", "gigante". As reações à morte de Delors
Notícias ao Minuto

21:15 - 27/12/23 por Notícias ao Minuto

Mundo Jacques Delors

O antigo presidente da Comissão Europeia, Jacques Delors, morreu esta quarta-feira de manhã "durante o sono", segundo anunciou a sua filha, Martine Aubry. Várias foram as personalidades nacionais e internacionais que sublinharam o legado do socialista de 98 anos, que é encarado como um dos pais da Europa moderna.

A atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, recordou a "obra de vida" do antigo líder do executivo comunitário, que ambicionava obter “uma União Europeia (UE) dinâmica e próspera”.

"Todos nós somos herdeiros da obra de vida de Jacques Delors: uma União Europeia dinâmica e próspera. Jacques Delors forjou a sua visão de uma Europa unida e centrada no seu empenho na paz durante as horas sombrias da Segunda Guerra Mundial", disse, em comunicado, no qual reforçou que o “visionário que tornou a Europa mais forte" era dotado de uma "inteligência notável e uma humanidade sem paralelo".

"O seu trabalho teve um impacto profundo na vida de gerações de europeus, incluindo a minha. Estamos-lhe profundamente gratos. Honremos o seu legado, renovando e revigorando continuamente a nossa Europa", adiantou.

Por seu turno, o antigo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, defendeu, em declarações à agência Lusa, que a "Europa perdeu um dos seus mais extraordinários líderes", que “combinava os 'pequenos passos' da integração europeia com o ideal de uma Europa unida".

A sua "inspiração continuará com todos aqueles que querem uma Europa mais próspera, mais justa e mais forte no plano internacional", disse.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que Delors “liderou a transformação da Comunidade Económica Europeia numa verdadeira União, fundada em valores humanistas e apoiada por um mercado único e uma moeda única, o euro".

Descrevendo o antigo governante como "um defensor apaixonado e prático da Comunidade até aos seus últimos dias", o responsável indicou também que este “grande francês e grande europeu ficará na história como um dos responsáveis pela construção da nossa Europa”.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, ressalvou também que “a UE perdeu um gigante", que trabalhou “incansavelmente” para o ideal de uma “Europa unida”.

"Último cidadão honorário da Europa, trabalhou incansavelmente como presidente da Comissão Europeia e membro do Parlamento Europeu em prol de uma Europa unida. Gerações de europeus continuarão a beneficiar do seu legado", escreveu, na rede social X (Twitter).

Por sua vez, o presidente francês, Emmanuel Macron, enalteceu o antigo presidente da Comissão Europeia como "incansável artífice da Europa" que "lutou pela justiça humana”, cujo “compromisso, ideal e retidão sempre nos inspirarão”.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, destacou também que o antigo líder do executivo comunitário era um "visionário" e "construtor da União Europeia (UE) tal como a conhecemos", sendo, por isso, "nossa responsabilidade continuar o seu trabalho hoje para o bem da Europa".

A nível nacional, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apontou que Delors era “um Homem com letra grande”, que "nunca nos deixará".

"Grande mentor da evolução das Comunidades para uma União Europeia, mobilizador das grandes reformas dos anos 80 e 90, institucionais e financeiras, do alargamento a Portugal e Espanha, Jacques Delors encarna para muitos europeus a própria construção europeia", escreveu, numa nota publicada na página da Presidência da República.

Já o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou que "a Europa perdeu hoje um dos maiores vultos da sua história contemporânea", que foi "um grande amigo de Portugal".

"Numa época em que a União Europeia de novo enfrenta desafios sem precedentes, o legado de Delors inspira-nos a um compromisso renovado com esta Comunidade de prosperidade e de valores partilhados, que torne a Europa mais forte, mais solidária e mais coesa", escreveu, no X.

Também o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, lembrou Delors como "um dos grandes construtores da Europa", tendo agradecido pela sua luta por uma "Europa social, Europa da coesão, em que o crescimento económico e a justiça social formam um par".

O ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, lembrou, à semelhança de Costa, que Delors foi "um grande amigo de Portugal", tendo desempenhado um papel decisivo na integração do país na então Comunidade Económica Europeia, em 1986.

"Se a União Europeia é hoje um caso de sucesso em muitos domínios, isso deve-se à visão, à determinação e à perspicácia de Jacques Delors, que soube ultrapassar momentos delicados para dar passos determinantes", disse, num comunicado enviado à Lusa.

Por seu turno, a presidente da delegação do Partido Socialista no Parlamento Europeu, Maria Manuel Leitão Marques, recordou a "visão para a construção europeia" de Jacques Delors que, à frente da Comissão Europeia, fez com que, "de económica, a Comunidade tivesse passado a ser política, além de tudo o resto".

Já ex-comissário europeu Carlos Moedas afirmou que o ex-governante "marcou a história da Europa e a História de Portugal", tendo apresentado as suas condolências à família do antigo líder europeu.

"Ninguém na minha geração esquecerá aquele dia 12 de junho de 1985 nos Claustros do Jerónimos, em que Jacques Delors disse aquela frase que ainda hoje é atual: 'Ou nos salvaremos juntos ou pereceremos cada um para seu lado.' É este o espírito da Europa. Precisamos cada vez mais uns dos outros", escreveu, no X.

O recém-eleito secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, destacou, por sua vez, que "a Europa de hoje é, nos seus alicerces fundamentais, o resultado da visão ambiciosa, humanista e progressista de Jacques Delors".

"Que os seus ideais, a força da sua visão e a energia da sua ação sejam sempre um exemplo maior para todos os defensores do projeto europeu", apelou, no X.

O partido o CDS-PP lamentou, também, a morte de Delors, que descreveu como "um político de craveira, comprometido com a construção do projeto europeu, hoje ameaçado pelo crescimento dos extremismos a que o CDS foi e será sempre fronteira".

Já o partido Livre realçou o contributo do antigo governante "para uma Europa unida e cada vez mais social".

"O seu trabalho, primeiro como eurodeputado, e depois como o Presidente da Comissão Europeia que mais tempo assumiu o cargo, foi marcado pelo empenhamento na construção de uma Europa mais justa, pacífica e democrática", escreveu, em comunicado.

Delors deixou a sua marca na própria política francesa, depois de ter recusado concorrer às eleições presidenciais de 1995, apesar de ser o grande favorito das sondagens. As eleições viriam a ser ganhas pelo candidato da Direita, Jacques Chirac.

O socialista foi ministro da Economia e das Finanças entre 1981 e 1984, durante o primeiro governo de François Mitterrand, tendo ocupado, depois, o cargo de presidente da Comissão Europeia, entre 1985 e 1995, durante três mandatos, incluindo na adesão de Portugal à União Europeia (1986).

Considerado o "pai do euro", o governante foi o arquiteto dos contornos da Europa contemporânea. Em 1996, aprovou o Ato Único Europeu, o qual levou à criação do Mercado Único Europeu, em 1993.

Morreu Jacques Delors, ex-presidente da Comissão Europeia

Tinha 98 anos e era visto como um dos pais da Europa moderna.

Notícias ao Minuto com Lusa | 17:01 - 27/12/2023

A assinatura dos acordos de Schengen, o lançamento do programa de intercâmbio de estudantes Erasmus, a reforma da Política Agrícola Comum e o lançamento da União Económica e Monetária que conduziu à criação do euro são outros dos momentos do projeto europeu que estão associados a Delors.

"Foi protagonista na transformação da Comunidade Europeia em União Europeia (UE), encaminhando as nações da Comunidade para a moeda única e para uma maior cooperação ao nível da defesa", refere a página 'online' do Centro de informação europeia Jacques Delors.

Em março de 2020, apelou aos chefes de Estado e de Governo da UE para que demonstrassem maior solidariedade, numa altura em que se debatiam para conseguir uma resposta comum à pandemia de covid-19.

Com os seus grupos de reflexão, o "Club témoin" e o "Notre Europe" (que mais tarde se tornou o "Institut Jacques-Delors" e tem escritórios em Paris, Bruxelas e Berlim), o político, nascido em Paris em 1925, defendeu até ao fim o reforço do federalismo europeu e apelou a uma maior "audácia" quando ocorreu o 'Brexit' (saída do Reino Unido da UE) e perante os ataques de "populistas de todos os tipos".

Após uma carreira no Banco de França, de 1945 a 1962, tornou-se membro do Conselho Económico e Social e chefe de serviço dos Assuntos Sociais no Comissariado Geral do Planeamento até 1969, onde foi nomeado secretário-geral para a formação permanente e para a promoção social.

Foi membro do gabinete do primeiro-ministro Jacques Chaban-Delmas, de 1969 a 1972, encarregado dos assuntos sociais e culturais, bem como das questões económicas, financeiras e sociais.

Foi professor associado da Universidade de Paris-Dauphine, de 1974 a 1979, e dirigiu o Centro de Pesquisa Trabalho e Sociedade. Foi membro do Conselho Geral da banca francesa, de 1973 a 1979. Ensinou também na Escola Nacional de Administração.

Delors, socialista "pragmático" que tinha um sonho europeu

O francês Jacques Delors, hoje falecido aos 98 anos, dedicou metade da sua vida ao sonho europeu, através de um pragmatismo incansável e promovendo "a competição que estimula, a cooperação que reforça e a solidariedade que une".

Lusa | 20:23 - 27/12/2023

Enquanto membro do Partido Socialista francês, em 1974, e do seu comité diretor, em 1979, foi eleito parlamentar europeu em 1979 e presidiu à Comissão Económica e Monetária até maio de 1981.

De maio de 1981 a julho de 1984, Jacques Delors foi ministro da Economia e das Finanças e foi também eleito presidente da Câmara de Clichy, de 1983 a 1984.

Entre o período 1992-1996, presidiu a Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI na UNESCO.

Durante a década de 2000, foi também Presidente do Conselho de Emprego, de Receitas e da Coesão Social (CERC).

Recebeu o título de Doutor Honoris Causa de mais de duas dezenas de universidades, bem como diversos prémios e distinções: prémio Jean Monnet (1998); prémio Louis Weiss (1989); prémio Prince des Asturies (1989); prémio Charlemagne (1992); prémio Carlos V (1995); prémio Erasme (1997); prémio da economia mundial (2006); medalha Nijmegen da paz (2010).

[Notícia atualizada às 22h09]

Leia Também: Morreu Jacques Delors, ex-presidente da Comissão Europeia

Recomendados para si

;
Campo obrigatório