EUA. Republicanos preparam primárias ensombradas pela Justiça
A duas semanas do início das eleições primárias do Partido Republicano norte-americano, em 15 de janeiro no estado de Iowa, o ex-Presidente Donald Trump lidera o lote de candidatos à Casa Branca, mas é também perseguido por processos judiciais.
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Nas mais recentes sondagens, Trump possui uma substancial vantagem sobre todos os restantes candidatos, com mais de 60 por cento das intenções de voto contra pouco mais de 10 por cento de Ron de Santis, o governador da Florida que aparece em segundo lugar, mas cada vez mais ameaçado nesse lugar pela ex-embaixadora Nikki Haley.
Contudo, todas estas contas podem ser anuladas se Trump vier a ser condenado num dos quatro processos judiciais em que está envolvido, já que várias sondagens revelam que o ex-Presidente pode perder a sua popularidade se a Justiça norte-americana provar crimes graves, como aquele que lhe é imputado por ter motivado a invasão do Capitólio, em 06 de janeiro de 2021, por apoiantes seus que procuraram evitar a validação da vitória do atual Presidente democrata, Joe Biden.
As primárias republicanas são um longo e complexo processo político, que obriga os candidatos a concorrer à Casa Branca (nas eleições presidenciais marcadas para 05 de novembro de 2024) a sujeitarem-se a escolhas em todos os 50 estados e ainda no distrito de Colúmbia (onde está a capital) e em cinco territórios, entre janeiro e junho.
As primeiras eleições acontecerão já em 15 de janeiro, no importante estado de Iowa, onde todos os principais candidatos estão já em campanha, percebendo a importância de marcarem uma posição no 'ranking' dos mais selecionados.
Contudo, a maioria dos analistas considera que provavelmente nada ficará decidido até 05 de março (a "Super Terça-feira") -- em que num único dia se determina a escolha do candidato republicano em 16 estados, incluindo os populosos e politicamente relevantes Califórnia e Texas.
Mas a "Super Terça-feira" poderá também ser determinante porque, o dia anterior, 05 de março, poderá ser a data de início do julgamento que vai avaliar a alegada responsabilidade de Trump na invasão do Capitólio, cujas sessões podem interferir no resultado eleitoral do Partido Republicano.
De resto, os advogados do ex-Presidente já pediram ao Supremo Tribunal para avaliarem se Trump não terá "imunidade absoluta" pelas ações que praticou quando ainda era Presidente, numa tentativa de, pelo menos, conseguir adiar o início desse julgamento.
Mas há uma outra questão em aberto nestas primárias, depois de o Supremo Tribunal do Colorado ter determinado que Trump não se pode qualificar para uma corrida presidencial (por causa do seu alegado envolvimento na invasão do Capitólio), o que obrigou o Partido Republicano a colocar a sua candidatura interna naquele estado em suspenso, até a matéria ter sido resolvida após análise de um recurso junto do Supremo Tribunal federal.
Esta semana, também a justiça do estado do Maine tomou idêntica decisão, acentuando a necessidade de o Supremo Tribunal federal se pronunciar sobre esta matéria, o que deverá acontecer nos próximos dois meses, em pleno arranque das primárias republicanas.
O tema tem sido também discutido pelos restantes candidatos republicanos, que se dividem entre aqueles que procuram não hostilizar o ex-Presidente e partilham da sua versão de que está a ser vítima de uma cabala política organizada pela Casa Branca (caso do empresário Vivek Ramaswamy) e aqueles que se distanciam de Trump e questionam a sua legitimidade para uma recandidatura (como é o caso do ex-governador de Nova Jersey Chris Christie).
Até ao início do verão, os republicanos terão de escolher os 2.467 delegados à Convenção, através de um complexo modelo matemático que inclui a percentagem de votos de cada estado e a quantidade de distritos vencidos por cada candidato.
Nessa convenção, o candidato escolhido terá o seu primeiro momento de exposição oficial como concorrente à Casa Branca, mas os analistas acreditam que se Donald Trump resistir aos problemas judiciais que o envolvem a sua vitória ficará praticamente assegurada logo em março, permitindo-lhe começar a sua campanha nacional logo nessa altura.
Nesse caso, Trump será o primeiro ex-Presidente norte-americano a concorrer de novo ao lugar após ter deixado a Casa Branca ao longo de um mandato desde Herbert Hoover, em 1940; também será o primeiro republicano a ser nomeado pelo partido por três vezes não consecutivas desde Richard Nixon, em 1973; e o primeiro republicano a ser escolhido como candidato em três vezes consecutivas.
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