"Violaram valores". Talibãs detiveram mulheres por "mau hijab" em Cabul

É a primeira confirmação oficial de uma repressão contra as mulheres que não seguem o código de vestuário imposto pelos talibãs desde que regressaram ao poder no Afeganistão em 2021.

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Notícias ao Minuto
04/01/2024 15:57 ‧ 04/01/2024 por Notícias ao Minuto

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Afeganistão

Os talibãs detiveram mulheres em Cabul, na capital afegã, por usarem um "mau hijab", na que é a primeira confirmação oficial de uma repressão contra as mulheres que não seguem o código de vestuário imposto pelos talibãs desde que regressaram ao poder no Afeganistão em 2021.

Foi um porta-voz do Ministério dos Vícios e Virtudes do país, Abdul Ghafar Farooq, que revelou a informação, esta quinta-feira, sem notar especificamente quantas mulheres foram detidas nem o que constitui um "mau hijab". Farooq esclareceu, no entanto, que as mulheres foram detidas há três dias.

O desenvolvimento é o mais recente golpe para as mulheres e raparigas afegãs, que já estão a sofrer as consequências da proibição da educação, do emprego e do acesso a espaços públicos.

Em maio de 2022, os talibãs emitiram um decreto que exigia que as mulheres mostrassem apenas os olhos e recomendava que usassem a burca da cabeça aos pés, à semelhança das restrições impostas durante o anterior regime talibã, entre 1996 e 2001.

Em mensagens de voz enviadas à The Associated Press, Farooq explicou que o ministério tem ouvido queixas sobre o uso incorreto de hijab por parte das mulheres na capital e nas províncias há quase dois anos e meio.

Os funcionários do ministério têm feito recomendações às mulheres e aconselhado a seguirem o código de vestuário. Depois de estas não terem seguido os conselhos, foram enviados agentes da polícia para prender as mulheres.

"Estas são as poucas mulheres que espalharam o mau hijab na sociedade islâmica. Violaram os valores e os rituais islâmicos e encorajaram a sociedade e outras irmãs respeitadas a adotar o mau hijab", referiu o porta-voz do ministério.

Segundo Farooq, a polícia irá remeter o caso para as autoridades judiciais ou as mulheres serão libertadas sob fiança. "Em todas as províncias, as que não usarem hijab serão detidas", avisou.

As detenções ocorrem menos de uma semana depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter solicitado a nomeação de um enviado especial para dialogar com os talibãs, especialmente em matéria de género e de direitos humanos.

No entanto, os talibãs criticaram a ideia, afirmando que os enviados especiais "complicariam ainda mais as situações através da imposição de soluções externas".

Na quarta-feira, ao manifestar o seu apoio a um enviado especial para o Afeganistão, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou que os Estados Unidos continuam preocupados com os "decretos repressivos contra as mulheres e as raparigas e com a sua falta de vontade de promover uma governação inclusiva".

As decisões tomadas podem causar danos irreparáveis à sociedade afegã e afastar ainda mais os talibãs da normalização das relações com a comunidade internacional, acrescentou Miller.

Leia Também: Afeganistão usa prisões para acolher mulheres vítimas de violência

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