O embaixador foi chamado "para consultas em protesto contra a receção oficial organizada pelo Governo queniano ao líder da milícia rebelde", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros interino do Sudão, Ali al-Sadiq, num comunicado publicado pela agência noticiosa oficial Suna.
As Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) do general Daglo estão em guerra com o exército, liderado pelo seu chefe, Abddel Fattah al-Burhan, desde 15 de abril de 2023.
Os combates causaram a morte de mais de 12 mil pessoas, segundo uma estimativa conservadora da organização não-governamental Armed Conflict Location and Event Data Project, e mais de sete milhões de deslocados, segundo a ONU.
Invisível durante a maior parte do conflito, e exprimindo-se sobretudo através de mensagens de voz, o general Daglo visitou nos últimos dias várias capitais africanas, encontrando-se com chefes de governo do Uganda, Djibuti, Quénia, África do Sul e Etiópia.
Esta digressão suscitou a ira do chefe do exército que, num discurso proferido no dia de Ano Novo, por ocasião da comemoração da independência do Sudão, acusou os países que acolhem os que classificou como "assassinos" de serem "cúmplices do assassínio do povo sudanês".
As consultas com o embaixador incidirão sobre "todas as possibilidades de desenvolvimento das relações entre o Sudão e o Quénia", afirmou Ali al-Sadiq.
Citado pela televisão estatal sudanesa, Al-Sadiq considerou que o Quénia "esqueceu as terríveis violações cometidas" pelos paramilitares e a destruição causada às infraestruturas do país.
As relações entre os dois países já estão tensas há vários meses, com a diplomacia sudanesa a acusar repetidamente Nairobi de estar do lado das RSF.
Os esforços diplomáticos para negociar a paz no Sudão - nomeadamente por parte dos Estados Unidos, da Arábia Saudita e, mais recentemente, do bloco regional da África Oriental IGAD - falharam até agora.
As RSF têm vindo a ganhar terreno há meses em todo o país, com pouca resistência do exército.
Atualmente, controlam as ruas da capital Cartum, quase toda a vasta região ocidental do Darfur e penetraram no estado de Al-Jazira, no centro-leste do país.
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