O alerta que apareceu automaticamente nos ecrãs dos telemóveis apelou à população para "ter cuidado", quatro dias antes das eleições presidenciais e legislativas de Taiwan. As versões em chinês e inglês diferem, porém, no desígnio do objeto que alegadamente atravessou o espaço aéreo da ilha.
"Alerta de ataque aéreo: míssil a sobrevoar o espaço aéreo de Taiwan, atenção", lê-se na versão em inglês da mensagem, partilhada com a agência Lusa por um residente no território.
A versão em chinês refere antes que a China lançou um satélite às 15:04 (07:04, em Lisboa), que atravessou o espaço aéreo do sul de Taiwan.
"Se for encontrado um objeto desconhecido, por favor notifica a polícia", acrescentou a mensagem do ministério.
O alerta foi feito quando decorria uma conferência de imprensa com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu. O ministro esclareceu que se tratava do lançamento de um satélite e disse aos jornalistas para não se preocuparem.
O lançamento do satélite ocorreu quatro dias antes das eleições presidenciais e legislativas de Taiwan, cujos resultados são cruciais para a relação entre Pequim e Taipé.
As eleições são disputadas sobretudo entre William Lai, atual vice-presidente de Taiwan e candidato do Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), tradicionalmente pró - independência, e o Kuomintang (Partido Nacionalista), favorável a uma aproximação a Pequim.
Lai é visto pelo regime chinês como um separatista e um defensor da independência formal do território. Pequim advertiu os eleitores da ilha que uma vitória de Lai vai empurrar o território "para a beira da guerra".
As relações entre Pequim e Taipé deterioraram-se desde que Tsai Ing-wen, do DPP, assumiu o poder, em 2016. Tsai enfatizou uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusou-se a reconhecer o Consenso Pequim - Taipé de 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio 'Uma só China'.
O Governo chinês interrompeu então os contactos oficiais com Taipé e passou a enviar navios e aviões militares para áreas ao redor da ilha. O continente chinês lançou também uma campanha para isolar o território internacionalmente: sete países cortaram desde então os laços com Taipé e passaram a reconhecer Pequim como o único governo legítimo de toda a China.
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