Na sexta-feira, os passageiros de um voo da Alaska Airlines foram surpreendidos quando uma das janelas do aparelho saltou durante o voo.
O incidente deixou todos de boca aberta e a dúvida que persiste é: como é que todos sobreviveram ao incidente, que os deixou a voar durante alguns momentos com um buraco no avião?
Segundo alguns especialistas explicam ao Washington Post, o sucedido poderia ter tido consequências mais graves caso o avião já tivesse atingido uma altitude superior, onde a compressão do aparelho poderia ter sido muito maior e em que até os passageiros poderiam ter sido atirados para fora do avião.
Porém (e felizmente) o avião estava apenas a 16 mil pés de altitude.
"A pressão que se sente entre os 8 mil pés e os 16 mil pés não é suficiente para se sentir esse tipo de pressão e a força capaz de atirar alguém para fora da janela", começa por explicar Jeff Guzzetti um especialista em acidentes da Administração Federal da Aviação e da Segurança Nacional de Transporte.
O que aconteceu dentro do avião?
Apenas alguns minutos depois de ter levantado voo do aeroporto de Portland, o Boeing 737 Max perdeu uma janela, devido, alegadamente, ao facto de os parafusos desta estarem mal colocados.
As cabinas dos aviões comerciais têm ar pressurizado para que os passageiros e a tripulação possam respirar facilmente e manter níveis normais de oxigénio, mesmo quando voam a uma altitude de cruzeiro superior a 30.000 pés.
A pressão interna é mantida estável por um sistema automatizado que controla a pressão interna da cabine (para manter uma margem segura), sendo que seja a subir ou a descer, a pressão interna vai sendo regulada para que quem está no interior do aparelho sinta a mesma pressão que sentiria caso estivesse em terra.
Quando, em voo, um avião perde uma peça e fica com um buraco, como o que aconteceu, a pressão interna do aparelho pode sofrer alterações que podem ser fatais, motivo pelo qual a colocação das máscaras de oxigénio são essenciais.
Segundo Scott Wagner, professor assistente da Faculdade de Aviação da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, existem três tipos de depressurização: gradual, rápida ou explosiva.
Por que não houve danos?
No caso do avião da Alaska Airlines, o incidente aconteceu pouco tempo depois do avião ter levantado voo. Isto significa que a diferença da pressão dentro e fora do avião não era significativa e que a rápida intervenção do piloto foi essencial para que não fosse mais danosa. A par disso, não estaria ninguém sentado nos lugares junto à janela que caiu, evitando assim que pudesse registar-se vítimas.
Segundo recorda o Washington Post, houve registos de ferimentos ligeiros, de um telemóvel que caiu do aparelho, e de um passageiro que ficou sem t-shirt, a qual foi sugada pela força do ar. Porém, nem uma vítima grave.
"Numa altitude superior, qualquer pessoa que não estivesse com cinto ou sentada, teria sido imediatamente sugada pela abertura", afirma o professor de mecânica e engenharia aeroespacial Jeremy Laliberte.
Se o incidente se tivesse registado a uma maior altitude, refere este especialista, as consequência teriam sido, provavelmente, muito mais catastróficas. A despressurização seria mais explosiva e até outras partes do avião poderiam ser arrancadas.
Este não é caso único
Embora o caso deste avião esteja a chamar a atenção, recorde-se que esta não é a primeira vez que um incidente semelhante acontece.
A publicação norte-americana lembra que os aviões são construídos precisamente para conseguir voar, mesmo que percam peças em voo.
Em 1988, um avião da Aloha Air perdeu grande parte do seu telhado. Uma assistente de bordo morreu, mas todas as restantes pessoas a bordo sobreviveram, depois de o piloto ter efetuado uma aterragem de emergência.
O mesmo aconteceu em 2011, com um avião da Southwest, sem registo de vítimas e em 2018 um avião da mesma companhia aérea viu uma passageira ser sugada por uma janela partida, mas após uma aterragem de emergência não houve mais vítimas mortais.
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