Washington, 11 jan 2024 (Lusa) -- O Governo norte-americano liderado por Joe Biden vai enviar uma delegação de alto nível a Taipé, após as eleições de sábado em Taiwan, medida que pode complicar as relações entre Washington e Pequim, noticiou hoje o Financial Times.

A Casa Branca (presidência norte-americana) convocou James Steinberg, ex-vice-secretário de Estado democrata, e Stephen Hadley, ex-conselheiro republicano de segurança nacional, para liderar a delegação bipartidária, de acordo com cinco fontes ligadas ao processo, citadas por este jornal.

No início do executivo liderado por Joe Biden, o democrata enviou duas delegações de alto nível de antigos governantes a Taipé, para tranquilizar Taiwan sobre o apoio dos EUA face à pressão de Pequim.

Mas o envio de uma delegação deste tipo, imediatamente após uma eleição presidencial é incomum e poderá irritar Pequim, salientou o Financial Times.

As eleições são disputadas sobretudo entre William Lai, atual vice-presidente de Taiwan e candidato do PDP, tradicionalmente pró - independência, e o Kuomintang (Partido Nacionalista), favorável a uma aproximação a Pequim.

Lai é visto pelo regime chinês como um separatista e um defensor da independência formal do território. Pequim advertiu os eleitores da ilha que uma vitória de Lai vai empurrar o território "para a beira da guerra".

A China considera Taiwan como uma província que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território, desde o fim da guerra civil em 1949.

O lançamento desta missão diplomática, não confirmada ao Financial Times pela Casa Branca, também ocorre num momento em que os Estados Unidos e a China procura estabilizar os laços que estão no nível mais baixo desde que os países normalizaram as relações diplomáticas em 1979.

Biden realizou uma cimeira com o Presidente chinês Xi Jinping em São Francisco, em novembro, na qual conversaram sobre o necessidade de aliviar a turbulência no seu relacionamento.

Um ex-funcionário dos EUA, citado pelo Financial Times, frisou que a decisão de Biden de enviar a delegação a Taipé logo após a eleição é uma medida arriscada que pode 'sair pela culatra'.

"O objetivo primordial dos EUA neste momento delicado deveria ser encorajar a contenção tanto por parte de Pequim como de Taipé", sublinhou.

Outra fonte ligada à viagem destacou que está é uma má ideia, dado o risco de que tanto Taipé como Pequim possam usá-la para promover as suas próprias agendas de formas diferentes, o que complicaria a política para Washington.

Esta mesma fonte lembrou que a China suspeitará de qualquer garantia que obtenha dos EUA sobre esta missão diplomática, especialmente se Lai, em quem Pequim desconfia completamente, vencer.

Bonnie Glaser, especialista em China e Taiwan do Fundo Marshall Alemão, considerou a viagem uma boa ideia que pode dar uma ajuda a Taiwan.

"Enviar mensagens do nosso apoio à democracia de Taiwan e ao novo presidente é importante e fazer isso numa base bipartidária é benéfico", apontou Glaser.

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