Israel diz que jornalistas mortos em Gaza eram "agentes terroristas"

O exército de Israel disse na quarta-feira que dois jornalistas da televisão Aljazeera do Qatar mortos num ataque na Faixa de Gaza eram "agentes terroristas" afiliados no movimento islamita palestiniano Hamas e na Jihad Islâmica.

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Lusa
11/01/2024 06:35 ‧ 11/01/2024 por Lusa

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Israel/Palestina

Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya, que trabalharam para vários meios de comunicação internacionais, foram mortos no domingo quando o carro em que viajavam foi alvejado em Rafah, no sul do enclave palestiniano, enquanto trabalhavam para a Aljazeera.

"Antes do ataque, os dois pilotavam drones que representavam uma ameaça iminente às tropas israelitas", disseram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), em comunicado.

Questionado pela agência de notícias France-Presse sobre o tipo de drones utilizados e a natureza da ameaça, as IDF responderam que iriam examinar este ponto.

"Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya [foram] identificados como agentes terroristas de Gaza", referiu o exército no comunicado.

"A inteligência militar confirmou que os dois mortos eram membros de organizações terroristas baseadas em Gaza e ativamente envolvidos em ataques contra as forças israelitas", acrescentou a nota.

As IDF disseram que Thuraya era "membro da brigada do Hamas na cidade de Gaza, vice-comandante de um esquadrão do batalhão al-Qadisiyyah".

Dahdouh foi descrito no comunicado como um "terrorista da Jihad Islâmica que esteve envolvido nas atividades terroristas da organização".

"Documentos encontrados pelo exército israelita na Faixa de Gaza revelam o seu papel na unidade de engenharia eletrónica da Jihad Islâmica, bem como o seu papel anterior como vice-comandante" da célula responsável pelos foguetes, referiu o documento.

Na quarta-feira à noite, o Hamas descreveu as acusações "contra estes dois jornalistas" como "vagas" e "falsas".

De acordo com a organização não-governamental Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), 79 jornalistas, a maioria dos quais palestinianos, foram mortos durante a cobertura da guerra, iniciada há três meses.

O CPJ registou também 16 jornalistas feridos, três desaparecidos e 21 detidos.

A guerra começou depois de o Hamas ter efetuado um ataque em solo israelita em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.

A resposta israelita provocou um elevado nível de destruição de infraestruturas na Faixa de Gaza e uma crise humana de consequências imprevisíveis, com o Hamas a registar mais de 23 mil mortos pelos bombardeamentos de Israel.

O Tribunal Penal Internacional incluiu os crimes contra jornalistas no seu inquérito sobre a guerra na Faixa de Gaza, anunciou na quarta-feira o procurador à frente da investigação.

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