"Nós temos cerca de nove mil casos de cólera em todo o país e o sistema de vacinação que se estabeleceu em Moçambique e a nível global é resultante da falta vacinas suficientes para fazer a vacinação de prevenção. Portanto, o que se faz é uma prevenção de emergência nos locais onde há surto", disse Armindo Tiago aos jornalistas após a entrega de material médico no Hospital Central de Maputo.
A província mais afetada pela atual vaga deste surto de cólera é Nampula, com um acumulado de três mil casos e 12 óbitos, seguida de Tete, com 1.853 casos e seis óbitos desde outubro, segundo dados da Direção Nacional de Saúde Pública.
Além de Nampula, o surto de cólera afeta Niassa, Cabo Delgado, Zambézia, Manica, Tete e Sofala, com um registo de 30 óbitos desde outubro, segundo a entidade.
A campanha de vacinação lançada pelas autoridades nesta semana tem a meta de atingir 2,2 milhões de pessoas nos pontos afetados pela cólera, mas a desinformação sobre a doença tem sido um desafio para as autoridades, sobretudo no meio rural.
"Neste momento o maior problema que temos é desinformação", frisou o ministro da Saúde.
Em dezembro, pelo menos cinco pessoas morreram na sequência de uma onda de desinformação sobre a cólera, disse o comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael.
As vítimas são maioritariamente líderes locais e técnicos de saúde, mortos por populares sob alegações de estarem a levar casos de cólera às comunidades, explicou Bernardino Rafael, durante um comício em Chiure, Cabo Delgado, província em que as autoridades registaram alguns destes casos.
Entre maio e novembro, pelo menos 16 pessoas foram detidas na província de Sofala, no centro de Moçambique, por passarem informações erróneas sobre a cólera, indicaram as autoridades.
A cólera é uma doença, tratável, que provoca fortes diarreias e que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.
A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
Em maio, a Organização Mundial da Saúde alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença, apontando, já em outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, situação que agrava a resistência de infraestruturas e serviços que permitam evitar a doença.
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