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Sudão? Guerra é "a catástrofe de uma geração" de 24 milhões de crianças

A Unicef alertou hoje que os 24 milhões de crianças no Sudão viverão a "catástrofe de uma geração" se a guerra que dura há quase nove meses continuar neste país pobre da África Oriental.

Sudão? Guerra é "a catástrofe de uma geração" de 24 milhões de crianças
Notícias ao Minuto

15:45 - 12/01/24 por Lusa

Mundo UNICEF

"O conflito no Sudão põe gravemente em perigo a saúde e o bem-estar de 24 milhões de crianças e, portanto, o futuro do país, com graves consequências para toda a região", alertou, numa entrevista à agência de notícias francesa AFP, Mandeep O'Brien, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

"É o futuro do país que está em jogo: quase 20 milhões de crianças não irão à escola no Sudão este ano se não forem tomadas medidas urgentes", acrescentou.

A guerra devastadora entre o chefe do exército, Abdel Fattah al-Burhane, e o chefe das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohamed Hamdane Daglo, já deixou mais de 12.000 mortos em quase nove meses, segundo uma estimativa do projeto de registo de conflitos ACLED.

O conflito já obrigou também à deslocação de mais de sete milhões de pessoas, o que, segundo a ONU, constitui "a maior crise de deslocados do mundo". Entre estes estão "3,5 milhões de crianças", lembra O'Brien.

Em todo o imenso país, de 48 milhões de habitantes, onde poucas províncias são poupadas da violência ou da escassez e dos saques, "14 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária de emergência", sublinhou.

Já antes da guerra, um em cada três sudaneses sofria de fome e sete milhões de crianças não frequentavam a escola, especialmente nas zonas rurais onde vivem quase dois terços dos habitantes.

Na quinta-feira morreram pelo menos dez civis na sequência de uma nova troca de tiros de artilharia entre o Exército e as Forças Paramilitares de Apoio Rápido (RSF) no sul da capital sudanesa, Cartum.

O ativista Muhamad Kindasha, porta-voz do Serviço de Emergência do Sul, especificou, em declarações ao portal de notícias sudanês Sudan Tribune, que os confrontos ocorreram na zona de Old Salama, incluindo o impacto de um projétil contra uma casa onde se celebrava "um evento social".

Os confrontos ocorreram nesta zona nos últimos dias e as RSF têm realizado ataques de artilharia desde segunda-feira, o que levou o Exército a responder com artilharia e bombardeamentos de aviões de guerra, especificou.

Por outro lado, um bombardeamento do Exército contra a cidade de Nyala, capital do sul de Darfur, deixou numerosos mortos e feridos, segundo os meios de comunicação, embora por enquanto não haja nenhum número de vítimas exato oficial. As RSF assumiram o controle da cidade no final de outubro.

O conflito no Sudão, entre o Exército Sudanês e as RSF, eclodiu em 15 de abril de 2023, após fortes divergências sobre a integração do então grupo paramilitar -- agora declarado rebelde -- nas Forças Armadas, o que inviabilizou o processo de transição aberto após a queda de Omar Hassan al-Bashir em 2019, após 30 anos no poder.

Esta guerra no Sudão devastou completamente o país e gerou uma das maiores crises humanitárias dos últimos tempos em África.

Quase sete milhões de pessoas foram deslocadas à força e a última guerra, que tem sido alimentada por um conflito intercomunitário histórico na região de Darfur, tem conduzido a constantes atrocidades.

Leia Também: Pelo menos 33 civis morreram durante combates e bombardeamentos no Sudão

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