O parlamento da Turquia ratificou a adesão da Suécia à NATO, esta terça-feira, após 20 meses de negociações entre Ancara e Estocolmo.
A informação foi avançada pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A ratificação turca do pedido de adesão sueco significa que a Hungria é o único dos 31 estados-membros da Aliança que ainda não deu esse passo, que permitirá a entrada da Suécia na NATO, tal como aconteceu o ano passado com os vizinhos da Finlândia.
A ratificação da candidatura sueca à Aliança Atlântica foi aprovada por uma ampla maioria de 287 votos a favor, 55 contra e quatro abstenções.
A Turquia mantinha resistências à adesão da Suécia, alegando que as suas autoridades não tomavam medidas suficientes contra militantes de movimentos curdos residentes no país.
O pedido de adesão da Suécia, tal como o da Finlândia, foi avançado após a invasão em grande escala da Ucrânia começada pela Rússia em fevereiro de 2022.
Para satisfazer as exigências de Ancara, a Suécia teve de rever a sua Constituição e adotar uma nova lei antiterrorista.
A Turquia acusava o país nórdico de tolerância com os militantes curdos que se tinham refugiado no seu território, alguns dos quais considerados terroristas por Ancara.
Para atender à pretensão sueca, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acrescentou às exigências, no início de dezembro, a aprovação simultânea pelo Congresso norte-americano da venda de aviões de combate F-16 para a força aérea do seu país, o que atrasou ainda mais a aprovação do parlamento.
Ancara também exigiu que o Canadá autorizasse a venda à Turquia de um componente ótico utilizado na fabricação de 'drones' de combate.
O Governo norte-americano não é hostil à venda de F-16, mas o Congresso bloqueou-a até agora devido, em particular, às tensões recorrentes entre a Turquia e a Grécia, também membro da NATO.
Erdogan conversou por telefone no mês passado com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que argumentou que a Turquia poderia obter a aprovação necessária do Congresso para a venda dos caças de combate se a adesão da Suécia fosse ratificada.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, convidou hoje o seu homólogo sueco a visitar Budapeste para tentar remover os últimos obstáculos à luz verde do seu parlamento, mas a proposta foi recusada.
"No ano passado durante a cimeira de Madrid (...) a Hungria concedeu à Suécia o estatuto de convidado", na perspetiva de uma adesão à NATO, sem colocar reservas, reagiu o chefe da diplomacia sueca, Tobias Billstrom, em declarações aos 'media'. "Por isso não vejo qualquer razão para negociar neste momento", acrescentou.
Budapeste deu o seu apoio de princípio à entrada da Suécia, mas o acordo final arrasta-se há meses, apelando a Estocolmo para que pare com a sua política de "difamação" em relação ao Governo húngaro, acusado de deriva autoritária.
[Notícia atualizada às 23h59]
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