Sobrevivente do Holocausto apela no PE a Médio Oriente "livre de ódio"

Uma sobrevivente do gueto de Varsóvia, Irene Sashar, apelou hoje no Parlamento Europeu, em Bruxelas, a um Médio Oriente "livre de ódio" e onde o antissemitismo seja realmente "coisa do passado".

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Lusa
25/01/2024 13:44 ‧ 25/01/2024 por Lusa

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Parlamento Europeu

"Tenho um sonho em que as minhas crianças, todas as crianças, vivem num Médio Oriente livre de ódio e o antissemitismo é finalmente uma coisa do passado", disse Irene Shashar, a viver atualmente em Israel, numa intervenção na sessão plenária da assembleia europeia que hoje assinalou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

"Eu ganhei contra Hitler e estou finalmente em casa, mas os meus netos têm de lutar pela sobrevivência" de Israel, acrescentou, referindo-se à guerra em curso entre Telavive e o Hamas e o ataque perpetrado pelo grupo islamita palestiniano em 07 de outubro em solo israelita.

Durante a intervenção, a sobrevivente do regime da Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) também apelou à ajuda europeia para a libertação dos mais de 100 reféns ainda mantidos em cativeiro pelo Hamas na Faixa de Gaza.

Irene Sashar - que tem agora 86 anos e, em 1942, com apenas cinco anos fugiu pelos esgotos do gueto de Varsóvia com a mãe, após o assassínio do pai -- salientou que o surgimento do antissemitismo mostra que "o ódio do passado" continua presente na sociedade, o que considera inaceitável, depois do Holocausto.

"Os judeus voltaram a não se sentir seguros na Europa, depois do Holocausto, isto deve ser inaceitável e 'nunca mais' deve significar nunca mais", sublinhou também.

"Fiz a única coisa que Hitler tentou evitar, mas Hitler não ganhou", referindo-se à sua vida no Estado de Israel, com filhos e netos, depois de ter sido uma criança que passou frio, esfomeada e descalça no gueto, em fuga dos nazis e de uma vida na diáspora.

A sessão plenária foi aberta pela presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

"O caminho que levou ao Holocausto começou muitos anos antes, com apontares de culpa, intimidações, desumanização, começou com a ostracização dos vistos como diferentes", até levar aos extermínio de "17 milhões de homens, mulheres e crianças" perante "o conforto da indiferença de outros", frisou a representante.

Metsola manifestou-se também "orgulhosa" pelo Parlamento Europeu falar "contra negacionistas do Holocausto, contra mitos de conspiração, contra a desinformação e contra a violência que visa deliberadamente membros das nossas comunidades".

O gueto de Varsóvia foi instituído em 1940, no bairro judaico da capital polaca, onde viviam até 400 mil pessoas até terem começado as deportações para os campos de extermínio, dois anos mais tarde. Destas pessoas, apenas cerca de 60 mil ficaram na área cercada por muros.

Em 1943, Heinrich Himmler, um dos ministros do líder nazi Adolf Hitler, ordenou a dissolução definitiva do gueto, tendo os habitantes resistido durante três semanas ao ataque nazi.

O Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto assinala-se anualmente no dia 27 de janeiro. O dia foi decretado por uma resolução da Assembleia-Geral das Nações Unidas, adotada em novembro de 2005.

Leia Também: Ministro israelita responsabiliza o Qatar pelo ataque de 7 de outubro

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