Saídas da CEDEAO "enfraquece a integridade institucional do bloco"
A consultora Oxford Economics considerou hoje que a saída do Níger, do Mali e do Burkina Faso da CEDEAO acaba com as esperanças de restaurar a democracia, aumenta a insegurança na região e prejudica a economia.
© NIPAH DENNIS/AFP via Getty Images
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"É uma perda para o bloco regional da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que ajudaram a fundar, em 1975, enfraquece a integridade institucional do bloco e pode piorar a insegurança no Sahel", escreve o departamento africano da consultora britânica Oxford Economics.
Para estes analistas, a saída dos três países do bloco regional "arrasa quaisquer esperanças de restaurar a democracia e a governação civil nos próximos anos", para além de "piorar a insegurança regional" e prejudicar a economia.
"Com a CEDEAO a dever manter as sanções, as condições económicas podem piorar, o que pode levar a um aumento da migração e uma degradação da insegurança alimentar na região", acrescenta a consultora, lembrando que os três países têm poucas trocas comerciais entre eles e nenhum tem ligação ao mar.
No comentário, os analistas chamam ainda a atenção para a possibilidade de os golpes militares serem seguidos noutros países, com os Camarões, Chade e Serra Leoa a terem "risco elevado de golpe este ano".
O Mali e o Burkina Faso enviaram na segunda-feira à CEDEAO uma "notificação formal" da saída dos dois países desta organização regional, segundo fontes oficiais.
Os dois países e o Níger tinham anunciado no domingo a sua decisão de abandonarem a CEDEAO.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Mali entregou a um correspondente da AFP uma cópia da carta enviada à CEDEAO e a agência noticiosa oficial do Burkina Faso informou simultaneamente que o país tinha feito o mesmo, "confirmando a decisão conjunta, tomada ontem (domingo) com o Mali e o Níger, de abandonar a instituição sub-regional".
A informação sobre o Níger não foi inicialmente publicada. Mas as comunicações do Mali e do Burkina Faso sublinham o caráter comum da ação dos três países.
Os regimes militares no poder no Burkina Faso, no Mali e no Níger anunciaram no domingo que os seus países se retirariam "sem demora" da CEDEAO, um novo ato de rutura com consequências práticas potencialmente de grande alcance.
Num anterior comunicado de imprensa, a CEDEAO anunciava ainda não ter recebido a "notificação formal e direta" desta decisão.
De acordo com os textos da CEDEAO, esta notificação inicia o período de um ano antes de a retirada produzir efeitos.
Os golpes de Estado no Mali (24 de maio de 2021), Níger (26 de julho de 2023), Burkina Faso (06 de agosto de 2023) derrubaram governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial (França), de ingerência.
Em setembro, os três países, que tinham formado a Aliança dos Estados do Sahel (AES), acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa.
Os três países alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os governos anteriores de terem falhado nessa matéria.
As tropas francesas foram expulsas e há o registo de elementos do grupo de mercenários russo Wagner no terreno.
A CEDEAO tem criticado os governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de ações militares no terreno para repor a ordem democrática.
Até há dois anos, Portugal teve militares no Mali, no quadro da cooperação internacional.
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