O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Shukri, manteve hoje um diálogo com o seu homólogo iraniano, Hosein Amir Abdolahian, a quem "expressou a preocupação e a rejeição do Egito relativamente à expansão das tensões militares na região sul do mar Vermelho".
Cairo lembrou que o conflito, exacerbado pelos ataques dos rebeldes Huthis contra o transporte marítimo naquela região, está a ter graves repercussões económicas para vários países e para a nação africana, uma vez que o tráfego marítimo através do canal de Suez foi drasticamente reduzido.
O egípcio disse ao iraniano que quer os ataques que os Huthis têm levado a cabo desde 19 de novembro, como a resposta de Washington com bombardeamentos contra o Iémen, representam "uma ameaça" ao tráfego internacional no mar Vermelho, por onde navegam cerca de 15% das mercadorias mundiais.
Washington e várias capitais ocidentais, bem como alguns países árabes, acusam o Irão de estar envolvido nos ataques devido ao seu apoio aos rebeldes Huthis, algo que Teerão negou em diversas ocasiões e alega que os insurgentes agem por conta própria.
Por outro lado, ambos os ministros rejeitaram "qualquer plano ou medida que vise deslocar os palestinianos das suas terras", ao mesmo tempo que concordaram em "intensificar os esforços para alcançar um cessar-fogo abrangente que proteja o povo palestiniano".
O secretário-geral da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), Arsenio Domínguez, sublinhou hoje em declarações à agência Efe que em consequência da crise no mar Vermelho, "42% do trânsito pelo canal de Suez já desapareceu", um das mais importantes fontes de receita para o Egito.
Desde novembro, os rebeldes iemenitas têm atacado repetidamente navios no mar Vermelho devido à ofensiva de Israel na Faixa de Gaza contra o grupo islamita palestiniano Hamas, iniciada em outubro, focando maioritariamente as suas operações contra embarcações israelitas ou com ligações a Israel.
No entanto, os Huthis têm frequentemente visado navios com ligações ténues ou inexistentes a Israel, pondo em perigo a navegação numa rota fundamental para o comércio global entre a Ásia, o Médio Oriente e a Europa.
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