O Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês) indicou que a grande maioria dos afegãos que regressaram ao seu país mencionaram a perseguição policial como a principal razão para saírem do Paquistão, enquanto a segunda justificação é a falta de oportunidades de sobrevivência.
Em outubro passado, o Governo paquistanês anunciou que iria começar a deportar todos os refugiados sem autorização de residência, indicando o dia 01 de novembro como a data limite para saídas voluntárias.
A medida destinava-se principalmente aos afegãos que chegaram ao Paquistão para fugir do regime talibã, que regressou ao poder em agosto de 2021. No entanto, os dados do OCHA mostram que quase 26% dos afegãos cruzaram a fronteira entre 1984 e 2003.
Segundo a mesma fonte, 84% dos refugiados afegãos regressaram ao seu país no último trimestre de 2023 e mais de 60% têm menos de 18 anos.
A grande maioria regressou ao seu local de origem, enquanto 16% optou por outros destinos dentro do Afeganistão.
Os dados da agência da ONU referem ainda que apenas 8% dos afegãos que regressaram tinham chegado ao Paquistão há menos de dois anos, enquanto 24% estavam no país há pelo menos três anos.
Os afegãos representam a maior parte dos migrantes em situação irregular no Paquistão, tendo Islamabad indicado que quase 4,4 milhões de refugiados afegãos viviam no país quando as deportações em massa foram anunciadas.
As organizações internacionais apelaram ao aumento da ajuda humanitária às famílias forçadas a regressar ao Afeganistão, alertando que enfrentam condições difíceis devido à crise que o seu país atravessa.
"Os parceiros estão a responder às necessidades, mas são necessários fundos urgentemente para soluções sustentáveis, incluindo para as comunidades de acolhimento", acrescentou o gabinete do OCHA para o Afeganistão.
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