Ramos-Horta quer ASEAN a mediar fim do conflito no Myanmar

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, afirmou hoje que a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) deve aproveitar a fragilidade da junta militar para procurar a resolução do conflito com milícias civis no Myanmar. 

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Lusa
02/02/2024 20:29 ‧ 02/02/2024 por Lusa

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Timor-Leste

"Podemos impedir que o conflito no Myanmar fique pior, porque os militares estão mais enfraquecidos, estão desesperados, e são capazes de aceitar mediação de uma instituição credível e imparcial das tensões e rivalidades regionais que possam complicar a resolução da situação", afirmou hoje, num evento no Reino Unido. 

Ramos-Horta manifestou esperança que o Papa Francisco, o qual encontrou na semana passada durante uma visita ao Vaticano, "tome uma iniciativa junto com a ASEAN". 

Até agora, alguns países daquela organização têm estado divididos na forma como resolver o conflito, o que levou alguns analistas a comentar que a situação no Myanmar representa uma ameaça existencial para a ASEAN. 

Ramos-Horta considera que esta crítica é exagerada, mas reconhece que existe um problema. 

"Até agora, ao fim de três anos, não houve progresso na resolução", lamentou o vencedor do Prémio Nobel da Paz em 1996. 

O presidente de Timor-Leste falava sobre a resolução de conflitos durante uma palestra na Warwick Economics Summit, uma conferência organizada por estudantes da Universidade de Warwick sobre economia e política internacional. 

O golpe militar de 01 de fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar (antiga Birmânia) numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência com grupos armados étnicos.

Um plano de paz de cinco pontos acordado há três anos não passou do papel, embora a Indonésia, que detinha a presidência, tenha saudado conversações "positivas" com as principais partes do conflito em novembro.

Ainda assim, o Presidente timorense reiterou a intenção de Timor-Leste aderir à ASEAN em 2025 e de contribuir para a estabilidade na região. 

"Seremos um membro modesto e humilde, na medida do possível, com a nossa vasta experiência na resolução de litígios", sublinhou, salientando a importância de organizações multilaterais para mediar conflitos. 

Ramos-Horta recordou a disputa com a Austrália sobre a Plataforma Continental marítima, que foi resolvida através da ONU, culminando num acordo em 2018.

"É a prova de que, recorrendo ao direito internacional e aos mecanismos de resolução de litígios, é possível evitar injustiças", salientou. 

A 23ª. edição da Warwick Economics Summit decorre até domingo e terá entre os oradores o governador do banco de Portugal, Mário Centeno, no sábado. 

O Presidente de Timor-Leste regressa no sábado a Díli, depois de uma visita ao Reino Unido que durou uma semana, numa deslocação à Europa que o levou igualmente a França e ao Vaticano. 

Leia Também: Ramos-Horta esperançado em embaixada britânica em Díli

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