As concentrações e marchas lentas com tratores começaram às 07h00 locais (06h00 em Lisboa) e há, até agora, notícias de manifestações e bloqueios nas regiões de Madrid, Andaluzia, Castela e Leão, Castela La Mancha, Valência, Catalunha, La Rioja e Aragão.
Em alguns pontos de Espanha há já filas de trânsito de vários quilómetros provocadas pelas concentrações de agricultores. Até agora, desconhecem-se vias afetadas pelos protestos nas ligações com Portugal.
Na última semana já houve manifestações de agricultores espanhóis, em linha com os protestos do setor noutros países europeus e que têm como alvo principal e comum as políticas da União Europeia (UE). No entanto, o número e extensão das manifestações nunca tinham tido a dimensão que estão a ter hoje.
Os protestos desta terça-feira não foram, na sua maioria, comunicados às autoridades ou autorizados pelas entidades competentes e ocorrem à margem da organização das grandes confederações agrícolas de Espanha, que também anunciaram manifestações para as próximas semanas.
Na sexta-feira passada, as organizações agrícolas de Espanha anunciaram que iriam avançar com os protestos, depois de se terem reunido com o ministro da Agricultura, Luís Planas.
As três maiores organizações agrícolas do país (Asaja, UPA - União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e Coordenadora de COAG - Organizações de Agricultores e Ganadeiros) justificaram, num comunicado, que "o setor agrícola na Europa e em Espanha enfrenta uma frustração e um mal-estar crescentes devido às condições difíceis e à burocracia sufocante gerada pela regulamentação europeia".
Em relação à UE, destacaram a "concorrência desleal" e um mercado desregulado que importa de países terceiros "a preços baixos" e com regulamentos desiguais.
Entre outros aspetos, exigem a suspensão da ratificação dos acordos com o Mercosul e a Nova Zelândia, e das negociações com o Chile, Quénia, México, Índia e Austrália. Também pedem o aumento dos controlos das importações provenientes de Marrocos.
Os agricultores espanhóis protestam igualmente contra a atual Política Agrícola Comum (PAC), cuja campanha começou na quinta-feira, 01 de fevereiro, que consideraram implicar uma burocracia insuportável e com custos ambientais.
Após a reunião de sexta-feira, o ministro da Agricultura, Luis Planas, garantiu que o governo de Madrid só apoiará mudanças na PAC que estejam "em linha" com os interesses dos agricultores espanhóis.
Luis Planas considerou também que Bruxelas, com os anúncios da semana, "está a chegar muito tarde" e que avançou com uma proposta "muito ajustada às necessidades" do país que a reivindicou, numa alusão a França.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.
Segundo o ministro, várias das questões em debate neste momento em França e noutros países "estão resolvidas" em Espanha.
No entanto, admitiu que "há muito por fazer em transição agroecológica" para as explorações agrícolas serem rentáveis, sobretudo num contexto de aumento de temperaturas e menos chuva.
O ministro comprometeu-se a continuar a ouvir o setor e sobre os acordos comerciais da UE com outros países e regiões do mundo prometeu "seguimento estrito" dos contingentes de importações.
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