Agricultores protestam em Espanha. Governo diz que apoia setor primário

O Governo de Espanha garantiu hoje estar ao lado do setor primário e manifestou respeito pelos agricultores que estão a manifestar-se em todo o país, com cortes de estradas e bloqueio de acessos a cidades e portos.

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Lusa
06/02/2024 13:53 ‧ 06/02/2024 por Lusa

Mundo

Pilar Alegría

"Vamos estar sempre onde estivemos, ao lado do setor primário, ao lado dos nossos agricultores", disse a ministra porta-voz do Governo, Pilar Alegría, na conferência de imprensa semanal do executivo espanhol, após a reunião do Conselho de Ministros, em Madrid.

Pilar Alegria disse que o governo, liderado pelo partido socialista espanhol (PSOE), "entende as preocupações do setor" e tem tentado dar-lhes resposta, trabalhando "desde o minuto um" com os agricultores.

Neste contexto, destacou que nos últimos dois anos o governo aprovou medidas extraordinárias de apoio ao setor primário (agricultura e pescas) de mais de 4.000 milhões de euros, por causa dos impactos da guerra na Ucrânia (em especial, no aumento dos preços dos fertilizantes) e da seca.

O Ministério da Agricultura publicou hoje, coincidindo com as manifestações dos agricultores por todo o país, uma lista de 140 mil agricultores abrangidos por ajudas de 270 milhões de euros por causa da seca (valor que já havia sido anunciado e aprovado).

A ministra referiu ainda aquilo que disse ter sido o compromisso e envolvimento de Espanha nas negociações da nova Política Agrícola Comum (PAC), que entrou em vigor na semana passada e "gerou 6.800 milhões de euros para os agricultores" nacionais.

"Não foi um debate simples", realçou Pilar Alegría, reiterando que o governo se manterá ao lado dos agricultores, "como tem vindo a demonstrar", e que nunca outro executivo espanhol desbloqueou tantos apoios ao setor.

Milhares de agricultores estão hoje em protesto por todo território de Espanha, com tratores e outros veículos que estão a bloquear estradas e autoestradas e o acesso a centros logísticos, portos e cidades.

As concentrações e marchas lentas com tratores começaram às 07:00 locais (06:00 em Lisboa) e há notícias de manifestações e bloqueios em pelo menos 12 regiões autónomas (Madrid, Andaluzia, Múrcia, Castela e Leão, Castela La Mancha, Galiza, Extremadura, Valência, Catalunha, Navarra, La Rioja e Aragão).

Na última semana já houve manifestações de agricultores espanhóis, em linha com os protestos do setor noutros países europeus e que têm como alvo principal e comum as políticas da União Europeia (UE). No entanto, o número e extensão das manifestações nunca tinham tido a dimensão que estão a ter hoje.

Os protestos desta terça-feira não foram, na sua maioria, comunicados às autoridades ou autorizados pelas entidades competentes e ocorrem à margem da organização das grandes confederações agrícolas de Espanha, que também anunciaram manifestações para os próximos dias e semanas.

Na sexta-feira passada, as organizações agrícolas anunciaram que iriam avançar com os protestos, depois de se terem reunido com o ministro da Agricultura, Luís Planas.

As três maiores organizações agrícolas do país (Asaja, UPA - União de Pequenos Agricultores e Ganadeiros e Coordenadora de COAG - Organizações de Agricultores e Ganadeiros) justificaram, num comunicado, que "o setor agrícola na Europa e em Espanha enfrenta uma frustração e um mal-estar crescentes devido às condições difíceis e à burocracia sufocante gerada pela regulamentação europeia".

Após a reunião de sexta-feira, o ministro Luis Planas garantiu que o governo de Madrid só apoiará mudanças na PAC que estejam "em linha" com os interesses dos agricultores espanhóis.

Luis Planas considerou também que Bruxelas, com os anúncios da semana passada, "está a chegar muito tarde" e que avançou com uma proposta "muito ajustada às necessidades" do país que a reivindicou, numa alusão a França.

A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros em 26 de fevereiro.

Leia Também: Agricultores Italianos elogiam 'marcha atrás' na retirada de pesticidas

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