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Vítimas de violência sexual russa na Ucrânia ainda hesitam em denunciar

Muitas vítimas ucranianas de violência sexual durante a invasão russa continuam com receio de denunciar os casos por receio de retaliação ou discriminação, revelou hoje uma responsável da procuradoria geral da Ucrânia, Anna Sosonska.

Vítimas de violência sexual russa na Ucrânia ainda hesitam em denunciar
Notícias ao Minuto

20:06 - 06/02/24 por Lusa

Mundo Ucrânia

Durante um evento organizado em Londres pelo Instituto de Relações Internacionais britânico (Chatham House), Sosonska revelou que a procuradoria tem procedimentos sobre 270 casos de violência sexual em situações de conflito.

Destes casos, que podem incluir a violação, mutilação ou a violência sobre os órgãos genitais ou a nudez forçada, a maioria foi contra mulheres (173) e homens (97), entre os quais 14 menores.

"Temos consciência de que o número [real] destes casos de violência sexual pode ser várias vezes superior ao registo oficial", afirmou, numa intervenção por videoconferência no seminário "O uso de rapto, tortura e violência sexual pela Rússia na guerra - Como a Rússia emprega estes crimes como parte da sua estratégia militar".

Os denunciantes são "sobreviventes que concordaram voluntariamente em cooperar com as autoridades policiais com base na confidencialidade e muitos ainda só estão a considerar essa possibilidade", adiantou.

Sosonska explicou que uma razão para as vítimas não apresentarem queixa é por estarem ainda em territórios ocupados pelas forças russas ou em territórios libertados mas perto da linha da frente, "onde existe um medo constante de que possam regressar e retaliar contra a vítima ou a sua família de alguma forma".

Outra razão, referiu, é a discriminação, pois as vítimas "têm medo de ser criticadas pela comunidade onde vivem, pelos vizinhos e até pelos familiares".

Um relatório produzido no ano passado pelo centro de estudos norte-americano New Lines Institute estimou que entre 20 mil e 50 mil mulheres foram violadas durante o conflito na Bósnia-Herzegovina (1992-1995), resultando em entre duas mil a quatro mil crianças nascidas de violência sexual em tempo de guerra.

A diretora e coautora do relatório disse que podem ser tiradas lições com este conflito, onde a violência sexual foi utilizada como instrumento de guerra e de genocídio.

Esta experiência pode ajudar a que "os sobreviventes na Ucrânia não tenham de esperar mais de 30 anos como na Bósnia, onde a maioria dos sobreviventes ainda está à espera de qualquer forma de justiça".

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró russas no leste do país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

As últimas semanas foram marcadas por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

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