"Massacre" e operações humanitárias "às portas da morte". Rafah em alerta

Recorde-se que Israel está a planear um ataque a Rafah, apesar dos avisos em sentido contrário dos aliados e organizações internacionais, alarmadas com potenciais consequências humanitárias. Aos cerca de 200 mil habitantes que residiam na cidade, juntaram-se mais de 1,3 milhões de deslocados.

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© Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
14/02/2024 08:32 ‧ 14/02/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Israel/Palestina

O conflito no Médio Oriente continua no centro das atenções e, numa altura em que há um rasto de destruição na Faixa de Gaza, com mais de 28 mil vítimas mortais a lamentar, teme-se um agravamento da situação devido às operações militares israelitas em Rafah. Ao longo dos últimos dias, seguem-se os apelos para impedir um "massacre" e seguem os esforços diplomáticos de países terceiros para tentar chegar a uma nova trégua no pequeno enclave. 

Quais os últimos acontecimentos?

Na terça-feira, o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, alertou que as operações militares israelitas em Rafah poderão levar a um "massacre" em Gaza e colocar as já frágeis operações humanitárias "às portas da morte". Num apelo direto ao governo de Israel, Griffiths voltou a avisar para "as consequências perigosas" de qualquer invasão terrestre a esta cidade, que está localizada no sul da Faixa de Gaza e junto à fronteira com o Egito.

"O cenário que há muito temíamos está a desenrolar-se a uma velocidade alarmante. Mais de metade da população de Gaza - bem mais de um milhão de pessoas - está amontoada em Rafah, encarando a morte de frente: têm pouco para comer, quase nenhum acesso a cuidados médicos, nenhum lugar para dormir, nenhum lugar seguro para onde ir", descreveu, em comunicado, referindo-se à população da Gaza como "vítimas de um ataque sem paralelo na sua intensidade, brutalidade e alcance".

Antes, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já tinha alertado para o "colapso na ordem pública" em Gaza. Questionado pelos jornalistas sobre qual seria a sua mensagem para Netanyahu caso conseguisse falar com o primeiro-ministro israelita na iminência de um ataque a Rafah, Guterres remeteu para a sua "particular preocupação com a deterioração das condições e da segurança para a entrega de ajuda humanitária em Gaza".

"Há um colapso na ordem pública. Ao mesmo tempo, temos restrições impostas por Israel que não melhoram e limitam a distribuição humanitária. Por outro lado, os mecanismos de resolução de conflitos para proteger a prestação de ajuda humanitária em relação às operações humanitárias não são eficazes", avaliou, em declarações à imprensa em Nova Iorque.

"E assim, a minha sincera esperança é que as negociações para a libertação de reféns e alguma forma de cessação das hostilidades sejam bem-sucedidas para evitar uma ofensiva total sobre Rafah, onde está localizado o núcleo do sistema humanitário e que teria consequências devastadoras", afirmou ainda o secretário-geral.

Já num debate de alto nível do Conselho de Segurança da ONU, Guterres alertou ainda que quatro em cada cinco das pessoas mais famintas do mundo estão em Gaza, onde "ninguém tem o que comer", e advertiu que provocar deliberadamente fome a civis pode constituir crime de guerra.

"Estou consternado em dizer que o nosso mundo hoje está repleto de exemplos da relação devastadora entre fome e conflito", disse, dando Gaza como um dos exemplos.

"Em Gaza, ninguém tem o que comer. Das 700 mil pessoas mais famintas do mundo, quatro em cada cinco habitam aquela pequena faixa de terra", frisou.

Continuam esforços para trégua

Ao mesmo tempo que o presidente egípcio, Abdelfatah al Sisi, e o diretor da CIA, William Burns, concordaram em manter uma "coordenação intensiva" para alcançar uma trégua na Faixa de Gaza, o grupo pró-iraniano Hezbollah também vinha dizer que só interromperá os seus ataques contra Israel com um cessar-fogo no enclave. Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, acusou ainda os mediadores estrangeiros, num discurso transmitido na televisão, de procurem aliviar as tensões no sul do Líbano e servirem os interesses de Israel.

De notar que, ao mesmo tempo que as conversações entre Al Sisi e Burns decorriam, a cidade de Rafah foi alvo de fogo de artilharia do exército israelita pela primeira vez desde o anúncio de uma incursão terrestre na zona.

Recorde-se que Israel está a planear um ataque à cidade, apesar dos avisos em sentido contrário dos aliados e organizações internacionais, alarmadas com potenciais consequências humanitárias.

Em Rafah, aos cerca de 200 mil habitantes que residiam na cidade, juntaram-se mais de 1,3 milhões de deslocados vindos no centro e norte do enclave palestiniano, na sequência dos numerosos ataques do exército israelita contra posições do Hamas tanto em Gaza (norte) como em Khan Yunis (centro/sul), iniciados em 7 de outubro de 2023.

Apesar de governos e organizações não-governamentais internacionais terem avisado que os palestinianos já não têm para onde ir, Benjamin Netanyahu insiste na ideia, alegando a necessidade de erradicar o Hamas, movimento islamita palestiniano que atacou Israel há quatro meses, e sem dar pormenores sobre o destino da população.

Leia Também: ONU teme "massacre" em Gaza com operações militares em Rafah

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