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Organizações humanitárias dizem que prestar ajuda em Gaza é "uma ilusão"

Várias organizações humanitárias advertiram hoje que as operações militares israelitas em Gaza tornam a prestação de ajuda à população "uma ilusão" e receiam que em breve nem sequer seja possível fornecer a escassa assistência que chega ao enclave palestiniano.

Organizações humanitárias dizem que prestar ajuda em Gaza é "uma ilusão"
Notícias ao Minuto

15:45 - 15/02/24 por Lusa

Mundo Israel

Num 'briefing' perante uma plateia de diplomatas em Genebra (Suíça), responsáveis de diversas organizações humanitárias de primeiro plano -- nomeadamente o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (a maior rede humanitária do mundo), os Médicos Sem Fronteiras (MSF) e agências das Nações Unidas -- refutaram responsabilidades no crescente número de vítimas, apontando que não podem fazer mais, atendendo à forma como Israel está a conduzir as operações militares na Faixa de Gaza, território controlado pelo grupo islamita palestiniano Hamas desde 2007.

Todos os responsáveis foram unânimes em alertar para consequências ainda mais catastróficas se se concretizar a anunciada operação terrestre "poderosa" do exército israelita em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, perto da fronteira com o Egito, que alberga atualmente cerca de 1,5 milhões de palestinianos.

"Estamos a atingir os limites da linguagem para descrever a situação humanitária", afirmou a presidente do CICV, Mirjana Spoljaric, que lembrou aos representantes diplomáticos junto da ONU e outras organizações internacionais em Genebra a responsabilidade dos respetivos países em garantir o respeito pelas Convenções de Genebra -- que regulam a condução das guerras e traçam as designadas "linhas vermelhas", já por diversas vezes ultrapassadas no conflito em curso.

"Não é do vosso interesse transferir esta responsabilidade para os atores humanitários. Se a forma como as operações são conduzidas atualmente reduzem ao mínimo os nossos meios de atuação, não conseguimos resolver o problema. Não faz sentido criticar os atores humanitários por não fazerem o suficiente. Têm de nos permitir fazer mais", declarou, citada pela agência noticiosa francesa France-Presse (AFP).

Também o secretário-geral da organização MSF, Christopher Lockyear, enfatizou que falar atualmente em ajuda humanitária é "falar de uma ilusão de ajuda", posição corroborada pelo chefe da assistência humanitária das Nações Unidas, Martin Griffiths, que exortou os diplomatas a "não imaginarem que a comunidade humanitária pode atuar como uma brigada de salvamento", já que tal não é o caso, pois simplesmente "as condições não o permitem", disse, também citado pela AFP.

Insistindo ainda que, ao contrário do que afirma Israel, "a evacuação para um lugar seguro em Gaza é uma ilusão", pois não existem lugares seguros, este responsável da ONU voltou ainda a alertar para o risco de um verdadeiro "massacre" se a grande ofensiva terrestre em Rafah for adiante, pois os palestinianos já não têm sítio onde se refugiar e o pânico pode fazer a situação alastrar ao Egito.

"Temos de ser completamente realistas. É um pesadelo que está mesmo diante dos nossos olhos", alertou.

Apesar da crescente pressão internacional e do número de mortos palestinianos continuar a subir -- ultrapassa os 28 mil, de acordo com os dados fornecidos pelas autoridades de Gaza -, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está a planear um ataque a Rafah, tendo prometido na quarta-feira uma "operação poderosa".

Telavive prometeu destruir o movimento islamita palestiniano Hamas, na sequência do ataque do grupo, em 07 de outubro, no sul de Israel, que causou cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, de acordo com uma contagem da agência France-Presse, baseada em dados oficiais israelitas.

Em retaliação ao ataque de 07 de outubro, Israel lançou uma ofensiva militar contra a Faixa de Gaza, um pequeno enclave palestiniano com cerca de 2,3 milhões de habitantes.

Leia Também: Médicos Sem Fronteiras condenam evacuação de hospital de Khan Yunis

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