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Vários resultados históricos na Galiza deixaram quase tudo na mesma

O balanço das eleições regionais de domingo na Galiza são vários resultados históricos para os principais partidos envolvidos, mas não haverá mudanças numa região em que, em 42 anos de autonomia, 36 foram de Governos de direita.

Vários resultados históricos na Galiza deixaram quase tudo na mesma
Notícias ao Minuto

17:19 - 19/02/24 por Lusa

Mundo Galiza/Eleições

A Galiza, na fronteira com o norte de Portugal, é o maior feudo do Partido Popular de Espanha (PP, direita) e no domingo voltou a dar a vitória a esta formação política, como sempre aconteceu em eleições autonómicas.

O PP conseguiu a quinta maioria absoluta consecutiva na Galiza e este é o primeiro resultado histórico de domingo porque o máximo que tinha conseguido até agora eram quatro. Perdeu porém deputados (tinha 42 e ficou com 40).

Outro resultado histórico foi o do Bloco Nacionalista Galego (BNG, esquerda), que se consolidou como segundo maior partido na Galiza, ao passar de 19 para 25 deputados regionais e a superar os 31,5% de votos, o melhor resultado de sempre desta formação.

Também o Partido Socialista (PSdaG-PSOE), do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, teve um resultado histórico, mas por ser o pior de sempre: não foi além dos 14% de votos e passou de 14 para nove deputados.

Durante a campanha, algumas sondagens davam a possibilidade de o PP perder a maioria absoluta, o que abriria portas ao primeiro governo galego (conhecido como Xunta) liderado pelos nacionalistas, numa coligação pós-eleitoral com os socialistas.

A abstenção diminuiu 18,34 pontos em relação a 2020 (quando as eleições se realizaram em plena pandemia de covid-19) e 67,3% dos eleitores foram votar no domingo, num nível de participação que não se verificava desde 2009.

Nas muitas análises que se estão a fazer em Espanha, a primeira conclusão é que é indiscutível o poder de mobilização do BNG atual, inédito na história do partido, e em especial da líder da formação, Ana Pontón, que foi buscar votos a todas as outras forças de esquerda, em especial ao PSdaG-PSOE, mas também convenceu milhares de pessoas que se abstiveram no passado.

Politólogos e jornalistas realçam também uma mobilização maior do que a esperada dos eleitores do PP, perante a possibilidade de os nacionalistas chegarem ao poder.

Ao contrário do que acontece na Catalunha ou no País Basco, o nacionalismo na Galiza, para a maioria dos galegos, não é sinónimo de conflito identitário.

"A maioria dos galegos dizem sentir-se tão espanhóis como galegos e tão galegos como espanhóis", disse à Lusa, na semana passada, a professora e investigadora de Ciência Política Nieves Lagares, da Universidade de Santiago de Compostela, que explicou que o êxito do PP da Galiza reside precisamente "na ideia de se identificar com os galegos, com a ideia de 'galeguidade'", mas sem nunca ter seguido o caminho dos partidos nacionalistas bascos e catalães.

O PP candidatou Alfonso Rueda, a quem se reconhece pouco ou nenhum carisma e que já presidia à Xunta desde 2002, quando Alberto Núñez Feijóo saltou para a liderança nacional do partido.

"O PP demonstrou que a sua força na Galiza vai mais além da debilidade do seu candidato ou do empenho em levar para aquele território as querelas nacionais", escreveu o jornal El Pais no editorial de hoje, numa referência à estratégia de Feijóo de levar para a campanha galega temas como a amnistia que os socialistas negociaram com independentistas da Catalunha.

A meio da campanha, Feijóo fez declarações sobre a amnistia contraditórias com o tem dito nos últimos meses, naquilo que foi classificado como "um tiro no pé" por analistas, oposição e até membros do PP. No entanto, há hoje unanimidade em que a sua liderança à frente do PP saiu reforçada das eleições galegas.

Já os socialistas tiveram no domingo a 11.ª derrota em eleições autonómicas desde que Pedro Sánchez lidera o Governo espanhol, como recordou hoje o editorial do jornal ABC.

Apesar de conseguir manter-se à frente do Governo nacional desde 2018, o PSOE tem perdido poder territorial e só governa três das 17 regiões autónomas espanholas (Castela La Mancha, Astúrias e Navarra).

Neste caso, as opiniões são unânimes em considerar que os socialistas não têm uma estratégia para a Galiza, onde a cada eleição autonómica apresentam um candidato novo. Este ano, foram mesmo acusados de estarem até a fazer campanha pelo BNG, para tirar o PP do poder e por os nacionalistas galegos serem um dos partidos que viabilizaram, no parlamento nacional, os últimos dois Governos de Sánchez.

Com os resultados de domingo, o PP continuará a governar a Galiza, mas são várias as vozes que dizem que nem tudo continua exatamente na mesma na região.

"É verdade que não conseguimos derrotar a maioria do PP, mas nada voltará a ser igual. A Galiza mudou e há uma alternativa sólida de futuro e um caudal de esperança", afirmou hoje Ana Pontón, do BNG, acrescentando que "as mudanças profundas às vezes demoram muito tempo, mas é evidente que este país [a Galiza] já mudou e essas mudanças chegarão".

Leia Também: Galiza. PP fala em lição a Sánchez por "alimentar o independentismo"

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