Em conferência de imprensa conjunta, os ministérios da Justiça e do Interior, a Procuradoria-Geral da República e a Agência Nacional de Polícia (NPA), advertiram que quem não cumprir as ordens emitidas pelo Governo para o regresso ao trabalho, em princípio, deverá receber uma acusação formal, mas haverá clemência para aqueles que abandonarem a greve.
Segundo o Ministério da Saúde, 8.816 médicos internos, 71,2% do total na Coreia do Sul, apresentaram cartas de demissão nos estabelecimentos de saúde onde trabalham e 7.813 destes abandonaram efetivamente os seus cargos desde segunda-feira, quando se iniciou a greve, para protestar contra o plano do Governo de aumentar vagas para estudantes de medicina.
A greve está a afetar hospitais em todo o país e especialmente os grandes estabelecimentos de saúde da região de Seul, onde vivem 26 milhões de pessoas, mais de metade da população. Nos cinco maiores hospitais de Seul, onde os médicos internos representam em média cerca de 40% do pessoal, os procedimentos cirúrgicos foram reduzidos entre 30 e 50%, obrigando muitas operações a serem adiadas ou canceladas.
Na terça-feira, o Governo ativou um plano de emergência para aumentar as consultas pela internet, alargou o horário de consultas nos hospitais públicos e abriu ao público em geral as urgências dos 12 hospitais militares do país.
Em causa está uma reforma anunciada pelo Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, que visa aumentar o número de estudantes admitidos nas escolas médicas em 65%, ou mais 2.000 pessoas por ano, a partir de 2025.
O Governo coreano justifica esta medida como necessária para preparar o país para atender uma população cada vez mais idosa.
Cerca de 44% dos sul-coreanos terão mais de 65 anos em 2050, de acordo com projeções do governo.
A Coreia do Sul tem apenas 2,6 médicos por 1.000 habitantes, segundo a OCDE, em comparação com uma média de 3,7 entre os 37 países membros desta organização de países desenvolvidos.
O Governo calcula que faltarão 15 mil médicos para atender às necessidades do país até 2035 se nada for feito.
Mas os médicos opõem-se ao projeto por considerarem que a admissão de mais estudantes nas escolas médicas resultará numa queda no nível profissional dos futuros médicos e que a qualidade dos cuidados será prejudicada.
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