O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do movimento xiita iemenita, Husein al Ezzi, disse hoje em conferência de imprensa que "foi estabelecido um contacto construtivo entre Saná e a UE", após os europeus terem aprovado uma missão defensiva no mar Vermelho para escoltar os navios mercantes.
Segundo Al Ezzi, a iniciativa partiu de Bruxelas, que "forneceu suficientes esclarecimentos a Saná e confirmou inequivocamente que a UE não participa de qualquer forma na coligação liderada pelos Estados Unidos e Reino Unido".
De acordo com Al Ezzi, os Huthis reconheceram o pretexto fornecido para a operação, que segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se caracteriza pelo seu caráter defensivo com o objetivo de escoltar os navios mercantes que naveguem no Golfo Pérsico, Golfo de Omã, Golfo de Áden e no mar Vermelho, e derrubar os possíveis mísseis ou 'drones' que possam ser lançados pelos Huthis.
A UE "explicou que a sua missão não tem o Iémen como objetivo militar e que a missão operacional foi formada a pedido das empresas de transportes dos países da União Europeia que se queixavam das dificuldades para atravessar o estreito de Bab el Mandeb", declarou o responsável Huthi.
Contactados pela agência noticiosa Efe, responsáveis europeus na região optaram por não responder.
A operação 'Aspides' da EUNAVFOR -- a Força naval europeia -- foi desencadeada em 19 de fevereiro pela UE sob comando grego.
"Concordámos [com a UE] em manter uma comunicação constante a contínua, e fomentar a cooperação e a troca de informação para facilitar a passagem dos barcos", acrescentou Al Ezzi, ao assinalar que o Governo de Saná estabeleceu um centro específico para garantir esta coordenação.
Segundo dados fornecidos pela organização xiita, pelo menos 5.061 cargueiros cruzaram Bab el Mandeb desde o início dos ataques dos Huthis, em novembro passado, contra navios nos mares Vermelho e Arábico, e 283 embarcações passaram durante esta semana.
Os Huthis, apoiados pelo Irão e que controlam a capital iemenita, Saná, e vastas zonas do norte e oeste do Iémen, lançaram dezenas de ataques contra território de Israel e contra navios relacionados com Israel, ou que se dirigiam a portos israelitas, e prometeram prosseguir estas ações enquanto o Exército judaico prosseguir a sua ofensiva em Gaza.
Os rebeldes iemenitas também ameaçaram atacar navios norte-americanos e britânicos que se encontram na zona, em resposta aos bombardeamentos das últimas semanas pelos dois países ocidentais contra o Iémen, que na perspetiva de Washington e Londres procuram impedir as operações dos rebeldes e garantir a liberdade de navegação na região.
A tensão na zona motivou que as principais empresas de navegação continuem a ajustar as suas rotas para evitar a passagem nesta via, por onde transita 8% do comércio mundial de cereais, 12% do comércio de petróleo e 8% do comércio mundial de gás liquefeito.
Os rebeldes iemenitas também já atacaram navios norte-americanos e britânicos que se encontram na zona, em resposta aos bombardeamentos das últimas semanas pelos dois países ocidentais contra o Iémen, que na perspetiva de Washington e Londres procuram impedir as operações dos rebeldes e garantir a liberdade de navegação na região.
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