Gaza? "Posição muito clara" da ONU: "a favor de cessar-fogo humanitário"

O secretário-geral da ONU afirmou hoje que apoia totalmente todos os esforços negociais em curso para garantir uma trégua em Gaza, mesmo que não vão totalmente ao encontro das pretensões de um cessar-fogo humanitário defendido pela organização.

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© FABRICE COFFRINI/AFP via Getty Images

Lusa
26/02/2024 14:14 ‧ 26/02/2024 por Lusa

Mundo

Israel/Palestina

Numa curta conferência de imprensa em Genebra, Suíça, onde hoje participou na abertura da 55.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, António Guterres, ao ser questionado sobre as negociações em curso, sem a participação das Nações Unidas, lembrou as "posições muito claras" da organização: "Somos a favor de um cessar-fogo humanitário, 'tout court' [sem mais], e somos a favor, e temos pedido, a libertação imediata e incondicional dos reféns".

"É isso que gostaríamos de ver acontecer. Não é isso que está sobre a mesa. O que está atualmente sobre a mesa é uma negociação com vista a uma libertação progressiva de reféns e alguma interrupção nos combates. Não sendo o nosso objetivo, o nosso objetivo final, apoiamos totalmente todos os esforços que levem à libertação de reféns e à redução do sofrimento do povo palestiniano", declarou então.

Depois de, na sua intervenção na abertura da sessão do Conselho de Direitos Humanos, ter afirmado que "a falta de unidade" no Conselho de Segurança da organização face à invasão russa da Ucrânia e às operações de Israel em Gaza minou gravemente, "talvez fatalmente", a sua autoridade, Guterres reforçou esta ideia, quando questionado sobre se está pronto a pronunciar oficialmente a morte cerebral do Conselho de Segurança caso a situação na Faixa de Gaza não melhore nas próximas semanas ou meses.

"Falei no condicional, não o disse formalmente. Mas posso dizer que a morte cerebral corresponde a uma pessoa que está viva, mas que não é capaz de fazer nada. Se o Conselho de Segurança um dia demonstrar que não é capaz de fazer o que quer que seja, então estará muito próximo dessa condição clínica", disse.

No seu discurso de manhã, António Guterres voltou a defender que "o Conselho de Segurança necessita de uma reforma profunda da sua composição e dos seus métodos de trabalho", já que "está frequentemente bloqueado, incapaz de atuar sobre as questões de paz e segurança mais importantes do nosso tempo".

"A falta de unidade do Conselho em relação à invasão russa da Ucrânia e às operações militares de Israel em Gaza, na sequência dos terríveis ataques terroristas do Hamas em 07 de outubro, minou gravemente, talvez fatalmente, a sua autoridade", afirmou.

Lembrando que, em dezembro passado, invocou pela primeira vez o Artigo 99.º da Carta das Nações Unidas, "para exercer a maior pressão possível sobre o Conselho para que fizesse tudo ao seu alcance para pôr termo ao derramamento de sangue em Gaza e evitar uma escalada", o secretário-geral lamentou que tal "não foi suficiente" e "o direito internacional humanitário continua a ser atacado".

As declarações de Guterres têm lugar menos de uma semana depois de os Estados Unidos, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, terem vetado, a 20 de fevereiro, um projeto de resolução proposto pela Argélia que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, tendo sido esta a terceira vez que Washington bloqueou uma resolução.

Entretanto, Washington indicou no domingo que foi encontrado um "meio-termo" durante as recentes negociações em Paris para garantir uma trégua em Gaza, que envolveram representantes de Israel, dos Estados Unidos da América, do Egito e do Qatar.

No entanto, no mesmo dia, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que só haverá um acordo sobre uma trégua em Gaza se o grupo islamita palestiniano Hamas abandonar o que considerou serem "exigências delirantes", e reiterou a intenção de Israel de levar a cabo muito em breve uma grande ofensiva militar em Rafah, no sul do enclave palestiniano e junto à fronteira com o Egito, apesar dos múltiplos apelos da comunidade internacional, e da ONU em particular, para que não o faça.

"Uma ofensiva israelita total sobre a cidade seria não só aterradora para os mais de um milhão de civis palestinianos que aí se encontram abrigados, como também colocaria o último prego no caixão dos nossos programas de ajuda", já manifestamente insuficientes, afirmou hoje Guterres em Genebra.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva no enclave palestiniano que já causou mais de 29 mil mortos, de acordo o Hamas, que controla o território desde 2007.

Leia Também: Secretário-geral da ONU diz que "chegou a hora" de haver paz na Ucrânia

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