Ministro da Defesa moçambicano espera continuidade da missão da UE

O ministro da Defesa moçambicano, Cristóvão Chume, manifestou hoje a convicção na continuidade da Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ), que forma militares no combate ao terrorismo, que termina este ano, pedindo também armamento letal.

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Lusa
29/02/2024 10:47 ‧ 29/02/2024 por Lusa

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Moçambique

"Naturalmente que o programa vai continuar, porque mesmo as forças que estão no terreno precisam de ser refrescadas. E sabe que quando se treina, vão ao terreno, enfrentam uma situação, têm de voltar para vir partilhar as lições que são encontradas no terreno e provavelmente mudar algumas coisas", disse o ministro, em resposta à agência Lusa, após uma reunião, em Maputo, com a presidente do Comité Político e de Segurança da União Europeia (UE), a embaixadora Delphine Pronk.

Portugal assumiu o comando da EUTM-MOZ, iniciada em setembro de 2022 e com um mandato de dois anos (termina em 2024), na sequência dos ataques terroristas em Cabo Delgado, norte do país, com vista a formar os militares moçambicanos.

A missão EUTM-MOZ, que incluiu a entrega de material não letal às Forças de Defesa e Segurança moçambicanas no valor de 90 milhões de euros, é constituída por um contingente de 117 pessoas, 65 das quais portuguesas, formando as 11 companhias de Forças Especiais de Moçambique, em Katembe (Maputo) e na província de Manica.

"Naturalmente que nós também reforçámos a necessidade de que não basta simplesmente o apoio a Moçambique no treino de pessoas, provisão de equipamentos não letais, mas é importante também que, considerando que o terrorismo que temos em Moçambique é um terrorismo internacional, então os esforços que a UE tem dado para os outros países que também sofrem do mesmo fenómeno, poderia ser partilhado com Moçambique e prover equipamento letal", acrescentou o ministro.

"Mas é uma questão que nós deixamos ao critério da UE, continuar com consultas internas, quem sabe ainda podermos ter resultados para a segunda fase do programa que nós temos com a UE", reforçou Cristóvão Chume.

"Porque também os que estão a treinar não têm a realidade exata do que está a acontecer no terreno, então precisam de voltar a fazer 'refreshment', e esse programa vai ser continuado", insistiu o governante.

A presidente do Comité Político e de Segurança da UE, que está de visita a Moçambique, considerou na quarta-feira um "sucesso" a EUTM-MZ, mas não se comprometeu para já com a sua continuidade.

"Não posso antecipar essa decisão. Como disse, vamos aguardar também a revisão estratégica, porque há muita coisa que implica com uma decisão tão importante. Então, pergunte-me daqui a alguns meses", disse a embaixadora Delphine Pronk, em resposta à Lusa após uma audiência com a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo.

"Facilito o consenso de 27 nações soberanas que decidem por unanimidade sobre a nossa política externa e de segurança comum e a nossa política comum de segurança e defesa. Portanto, não posso antecipar a decisão. Mas esta visita irá certamente alimentar as nossas discussões em Bruxelas e permitir-nos compreender melhor a importância da missão de formação e a melhor forma de continuar", reconheceu.

"Gostaria também de ouvir os militares sobre o que ainda precisam. O que faremos então, em Bruxelas, é o que chamamos de revisão estratégica, e avaliar com base no que precisam e no que nos pedem, se podemos continuar e, em caso afirmativo, como", explicou igualmente a embaixadora Delphine Pronk.

Portugal vai propor em Bruxelas uma "alteração ao mandato" da formação da União Europeia às forças armadas de Moçambique, face à saída da missão internacional de combate ao terrorismo em Cabo Delgado, anunciou em 13 de fevereiro o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

"Com a experiência que adquirimos e também com a mudança da realidade, em função da saída das tropas da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral], vamos propor uma renovação do mandato da formação da União Europeia e uma alteração (...) para ser um pouco mais abrangente e para que tenha lições aprendidas da experiência das tropas formadas pela União Europeia no combate no norte de Moçambique. Portanto, adaptar um pouco a formação à realidade encontrada", disse à Lusa.

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria de 27 ataques em vilas "cristãs" no distrito de Chiùre, em que afirma terem morrido 70 pessoas nos últimos dias.

Através dos canais de propaganda do grupo, que documenta estes ataques com fotografias, é referida ainda a destruição de 500 igrejas, casas e edifícios públicos.

Leia Também: Companhia aérea moçambicana com novo diretor-geral

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