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EUA aplicam sanções a empresa suspeita de 'spyware' contra Governo

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou hoje sanções contra duas pessoas e uma empresa de espionagem comercial com sede na Grécia, acusada de atingir funcionários do Governo norte-americano, jornalistas e analistas políticos.

EUA aplicam sanções a empresa suspeita de 'spyware' contra Governo
Notícias ao Minuto

18:15 - 05/03/24 por Lusa

Mundo EUA

As sanções visam o consórcio Intellexa, que, segundo o Departamento do Tesouro, vendeu e distribuiu 'spyware' comercial e ferramentas para campanhas de vigilância direcionadas e em massa.

Outras entidades associadas à Intellexa -- incluindo a Cytrox AD, sediada na Macedónia do Norte, a Cytrox Holdings ZRT (Hungria), e a Thalestris Limited (Irlanda) -- foram sancionadas pela sua participação no desenvolvimento e distribuição de um pacote de ferramentas conhecido como Predator.

Funcionários da atual administração norte-americana disseram que esta é a primeira vez que o Departamento do Tesouro sanciona pessoas ou entidades pelo uso indevido de 'spyware'.

O Predator permite que um utilizador se infiltre em dispositivos eletrónicos através de ataques de clique zero que não exigem interação para que o 'spyware' infete um dispositivo.

O 'spyware', que tem sido utilizado em dezenas de países, permitiu a extração não autorizada de dados, o rastreamento de geolocalização e o acesso a informações pessoais em dispositivos.

"As ações de hoje representam um passo tangível no sentido de desencorajar o uso indevido de ferramentas de vigilância comercial, que representam cada vez mais um risco de segurança para os Estados Unidos e para os nossos cidadãos", disse Brian Nelson, subsecretário do Tesouro para o terrorismo e informações financeiras.

"Os Estados Unidos continuam focados em estabelecer barreiras claras para o desenvolvimento e uso responsável destas tecnologias, garantindo ao mesmo tempo a proteção dos direitos humanos e das liberdades civis dos indivíduos em todo o mundo", acrescentou.

O Laboratório de Segurança da Amnistia Internacional publicou em outubro um relatório que dizia que o Predator tinha sido usado para atingir, mas não necessariamente infetar, dispositivos ligados à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e à anterior Presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, bem como a congressistas e senadores norte-americanos.

Em dezembro de 2021, investigadores digitais do Citizen Lab da Universidade de Toronto descobriram 'spyware' Predator no iPhone de um importante dissidente egípcio exilado.

Numa investigação conjunta com o Facebook, o Citizen Lab descobriu que a Cytrox tinha clientes em países como Arménia, Grécia, Indonésia, Madagáscar, Omã, Arábia Saudita e Sérvia.

A Intellexa foi criada em 2019 pelo ex-oficial militar israelita Tal Dilian, que, juntamente com Sara Hamou, especialista em 'offshoring' corporativo que prestou serviços de gestão à Intellexa, também foi sancionado.

As sanções dirigidas aos utilizadores do Predator ocorrem após a administração do Presidente norte-americano, Joe Biden, ter revelado no mês passado uma nova política que lhe permitirá impor restrições de visto a indivíduos estrangeiros envolvidos no uso indevido de 'spyware' comercial.

A política de vistos da administração norte-americana aplica-se a pessoas que estiveram envolvidas no uso indevido de 'spyware' comercial para atingir pessoas, incluindo jornalistas, ativistas, supostos dissidentes, membros de comunidades marginalizadas ou familiares daqueles que são visados.

As restrições de visto também poderão ser aplicadas a pessoas que facilitam ou obtêm benefícios financeiros do uso indevido de 'spyware' comercial, disseram as autoridades.

Leia Também: Plataforma do Conselho da Europa pede fim de uso do 'spyware' Pegasus

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