Israel vai autorizar acesso a Esplanada das Mesquitas no Ramadão
O Governo israelita anunciou hoje que os fiéis muçulmanos serão autorizados a rezar na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, "no mesmo número que em anos anteriores" durante o Ramadão.
© Reuters
Mundo Ramadão
Em plena guerra na Faixa de Gaza, o executivo chefiado por Benjamin Netanyahu precisou, num comunicado, que o número de fiéis autorizados a deslocar-se à Esplanada das Mesquitas será reavaliado semanalmente, em função de critérios de segurança.
Todos os anos, no mês sagrado de jejum muçulmano, dezenas de milhares de fiéis viajam até Jerusalém Oriental para ali rezarem.
"Tudo faremos para garantir a liberdade de culto no Monte do Templo e para permitir que os muçulmanos celebrem [o Ramadão], sempre tendo em conta os imperativos de segurança", declarou o primeiro-ministro no início de uma reunião dedicada ao Ramadão.
A Esplanada das Mesquitas (ou Monte do Tempo, para os judeus) é o terceiro lugar sagrado do Islão e o lugar mais sagrado do Judaísmo. Apesar de o lugar sagrado muçulmano ser administrado pela Jordânia, Israel impõe restrições, nomeadamente quanto ao número de fiéis que nele podem entrar e à respetiva idade.
O contexto é particularmente tenso este ano, uma vez que Israel trava uma guerra que está a devastar a Faixa de Gaza, em retaliação a um ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a território israelita, a 07 de outubro de 2023.
O ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben-Gvir, líder de um partido da extrema-direita que defende o controlo judeu sobre a Esplanada das Mesquitas, apelou no mês passado para que fosse proibido o acesso aos palestinianos que ali se deslocassem durante o Ramadão procedendo da Cisjordânia ocupada.
"As celebrações do Hamas no Monte do Templo? Vitória completa", escreveu Ben-Gvir na rede social X (antigo Twitter) pouco depois do anúncio hoje feito pelo Governo israelita.
Por seu lado, Washington tinha instado na semana passada Israel a "facilitar o acesso ao Monte do Templo aos fiéis pacíficos durante o Ramadão, em conformidade com as práticas anteriores".
Os mediadores egípcios, norte-americanos e qataris estão a tentar "arrancar" a Israel e ao Hamas um compromisso para obter um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza antes do início do Ramadão, no próximo sábado, 09 de março.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, alertou hoje para uma situação "muito perigosa", em particular em Jerusalém, se as hostilidades prosseguirem em Gaza durante o mês sagrado muçulmano.
A 07 de outubro do ano passado, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 151.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 30.631 mortos, mais de 71.000 feridos e cerca de 8.000 desaparecidos soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 400 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 6.650 detenções.
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